Visitar a Salton, em Bento Gonçalves, é conhecer de perto a primeira vinícola do Brasil, registrada oficialmente em 1910. São mais de cem anos de história da empresa que produz 40% dos espumantes produzidos no país. Além da sede visitada, cabe o destaque para o fato da Salton estar instalada também na campanha e ter a parceria de 350 famílias produtoras (a maioria já há 3 ou 4 gerações). Conhecida também pela produção de outras bebidas, como o conhaque Presidente e a vodca Vous, a vinícola que já serviu a presidentes e papas, produz 12,5 milhões de litros por ano. E, importante mencionar: é sustentável - recebeu o ISO 14001, já que os talos das uvas voltam como adubo para os próprios parreirais.

Participamos do tour Gerações, o mais completo ofertado pela vinícola. Com duas horas e meia de duração, o visitante conhece todas as etapas da produção de um vinho. O passeio é todo guiado, não só pelas explicações técnicas, mas também por meio de obras de arte, fotografias, sons, o que aguça todos os sentidos, figurando como uma experiência estética mais completa. Quem nos acompanhou foi Igor Paese, cujo conhecimento técnico provém da experiência direta com a produção vitivinícola (a família é produtora) - a didática do guia foi excelente, fruto de vivência (superando, neste caso, não ter educação formal em enologia), livre de explicações que podem soar complicadas ao visitante. Dúvidas foram sanadas, houve aprendizagem, curiosidades foram atiçadas.

De início, já na entrada do parque turístico (inaugurado em 2004, no Distrito de Tuiuty, e projetado para o enoturismo, um pioneirismo), o visitante se depara com um teto pintado por artista local - o painel , à semelhança do exemplar "Do Itálico Berço à Nova Pátria Brasileira" , de Aldo Locatelli, descreve uma comunidade colonial de imigrantes italianos produtores de vinho. Ali estão as videiras, as gerações, o trabalho, o padre, os momentos de descontração, a mesa farta. Um resumo para quem não conhece o que foram os primórdios da colonização na serra gaúcha.

Em seguida, o visitante é levado para um grande salão, também com o teto pintado. Destra vez, é a história da Salton que é contada - seu início, marcos, altos e baixos, até a construção do parque turístico. Após , conhece-se os tanques de produção dos vinhos e espumantes e o parque fabril (engarrafamento, rotulagem, etc). Depois de passar pela sala dos principais certificados, o próximo ponto é a Cave das Bordolesas, onde mais de 1500 barricas de carvalho americano e francês guardam alguns dos vinhos da vinícola.



Mais tarde, o visitante passa pela Cave escura e, com temperatura controlada, onde cantos gregorianos tocam ininterruptamente e esculturas de anjos guardam os vinhos e acompanham o visitante (guardando-o?). Para aqueles que optam pelo tour Gerações, a próxima parada é a sala secreta. N esta, uma mesa com 12 lugares (simbolizando a Távola Redonda e os Cavaleiros do Rei Arthur), e com signo da cultura celta figura sob um emblemático vitral - essa união, por sua vez, simboliza a harmonia entre o céu e a terra. Ao lado da mesa, repousa a Vindimeira em alto relevo, significante das incertezas das safras, e garrafas históricas e raras da Salton. Já na mesa, o visitante prova de 6 rótulos de destaque da vinícola acompanhados de tábuas de frios.



Saindo da sala secreta, passa-se pelos laboratórios (de análise sensorial, microbiologia, cromatografia e eno-química), terminando o passeio na fachada da vinícola. Lá, há o relógio solar, desenvolvido pelo laboratório Nuova Expressione Artística Nel Mosaico, vindo da Itália. Por fim, parte do valor pago pelo tour é revertido para consumir no varejo da vinícola. Uma ótima opção!!!.
GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
MTb 15.241
VERA MARTA REOLON
MTb 16.069
Fotos by@GuiReOli