"EM TEMPOS DE M E N T I R A UNIVERSAL,

DIZER A V E R D A D E É UM ATO REVOLUCIONÁRIO"

George Orwel
"Quando enterrada, a verdade cresce e se sufoca, ganha uma força tão explosiva que quando vem a tona vai explodindo tudo."

Emile Zola

"Numa obra de arte, o crítico busca o teor de verdade (wahrheitsgehalt), o comentador o teor de coisa (sachgehalt). O que determina a relação entre os dois é esta lei fundamental de toda escrita: à medida que o teor de verdade de uma obra adquire mais significação, sua ligação com o teor de coisa se torna menos aparente e mais interior.

[...] então, somente ele [o historiador, o filósofo] pode colocar a questão crítica fundamental: a aparência do teor de verdade se prende ao teor de coisa, ou a vida do teor de coisa se prende ao teor de verdade?

Pois, ao se dissociarem na obra, eles decidem sobre sua imortalidade. Neste sentido a história das obras prepara sua crítica e aumenta assim a distância histórica de seu poder.

Se compararmos a obra à fogueira, o comentador está diante dela como o químico, o crítico como o alquimista. Enquanto para aquele madeira e cinzas são os únicos objetos de sua análise, para este apenas a chama é um enigma, o enigma do vivo.

Assim o crítico se interroga sobre a verdade cuja chama viva continua a arder por cima das pesadas lenhas do passado e da cinza ligeira do vivido. " Walter Benjamim

"NÃO PERCA TEMPO TENTANDO SER

NINGUÉM EXCETO VOCÊ MESMO,

PORQUE AS COISAS QUE TE FAZEM

UM ESTRANHO SÃO AQUELAS

QUE TE DEIXAM PODEROSO"
PLATT

UMA OBRA SÓ SE TORNA OBRA DE ARTE A PARTIR DA CRÍTICA.


CUIDADO!
ARTE inclui:Dança, Música, Teatro, Literatura,Pintura, Escultura,....., e todo trabalho que dedicamos (pelos nossos TALENTOS) e o realizamos com AMOR (sem inveja, nem dor, nem....)!!!!!!
"UMA FOTO É UM SEGREDO SOBRE UM SEGREDO.

QUANTO MAIS ELA DIZ, MENOS VOCÊ SABE."
D.A.



"A VIDA É UM SONHO.

TORNE-O REAL".
M.T.


"INCAPAZ DE PERCEBER A TUA FORMA, TE ENCONTRO EM VOLTA DE MIM.
TUA PRESENÇA ENCHE MEUS OLHOS COM TEU AMOR, AQUECE MEU CORAÇÃO, POIS ESTÁS EM TODO LUGAR"
A que se presta este blog??????????...............a estabelecer notícias, comentar fatos do cotidiano no e do mundo........elaborar alguma crônica de autoria dos blogueiros responsáveis (que, é óbvio, são maiores, responsáveis, éticos, e nada crianças - embora possuir a leveza das crianças "educadas" não seja nada ruim!!!!!).......realizar críticas, como pensamos não existir nas mídias que temos e vemos..........com, cremos, sabedoria e precisão.........com intuito de buscar melhorias em nossas relações com os seres vivos........e com/para o mundo..........se possível!!!!!!................



Críticas por e pela ARTE ( ESTÉTICA COM ÉTICA - como deve ser!!!! - desde a PAIDÉIA - A BILDUNG - .......ATÉ O SEMPRE!!!!!!!)




EDITORIA RESPONSÁVEL:
GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA E
VERA MARTA REOLON

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

CRÍTICA/DANÇA: Cia Municipal de Porto Alegre amadurece em Adágio


     Parece que reverberaram no amadurecimento do grupo nossa avaliação de “Salão Grená”, primeira montagem da Cia Municipal de Dança de Porto Alegre. Principalmente em dois quesitos: a busca de uma identidade grupal e a valorização dos intérpretes desse grupo tão heterogêneo, dando espaço à criação e/ou participação individuais, porém não isoladas. O que, em “Salão Grená”, parecia um mix homogeneizante meio caótico de experiências, com música em reprise, em “Adágio” – reunião de quatro novas criações da Cia – tornou-se Obra de um grupo afinado.
    
     Adágio é um conjunto de quatro coreografias que, em princípio, devem ser lidas individualmente, dadas as suas particularidades, bailarinos envolvidos, coreógrafos diferenciados e poéticas singulares. No entanto, a Cia pela apresentação conjunta – em grupos de três coreografias –, o que prejudicou a experiência estética – e mesmo avaliativa – de cada uma. Vendo-as, em conjunto, por exemplo, parece que mereciam um melhor cuidado no que tange às trilhas sonoras. E, também em conjunto, os movimentos que teriam destaque, em sua unicidade, perdem-se numa sensação de deja vu.

     Não só a avaliação, mas as outras etapas de uma crítica – descrição, interpretação e contextualização – acabam prejudicadas por essa união de coreografias. E o cansaço também acontece – não só do público, mas dos próprios bailarinos.

     Falemos de três – das quatro – coreografias. Em “Narciso”, o mito grego ganha forma de maneira a contemplar a que parece ser a patologia dos tempos atuais: o narcisismo. Tão necessário para a constituição de nossa identidade, o narcisismo precisa superado como individualismo egocêntrico (narcisismo primário, em psicanálise), transformando-se em narcisismo secundário, imprescindível para uma vida desejante. Mas, diante de tantas desconfianças e medos, diante de tantas correrias e insensatos andares sem sentido, perdemo-nos em jogos de espelhos, telas e digitalizações virtualizadas que incitam à agressividade e à violência camuflada e uma inautenticidade frente à alteridade. Ignorando o Outro, ignoramos a nós mesmos – já que nos constituímos a partir de uma relação entre olhares e rostos – e nos perdemos em uma monstruosidade, uma bestialidade auto e hetero-hostil (psicose?). Douglas Jung, coreógrafo de “Narciso”, soube explorar este universo. Talvez o que faltou foi um pouco mais de expressividade por parte de alguns bailarinos e tradução mais precisa em movimento do som da batida eletrônica que uniformiza e ignora o ritmo – Diferença -, bem escolhida, nesse sentido, para ilustrar a poética de um Narciso pós-moderno. Figurino também condizente: roupas claras e escuras, em contraste, com tecidos brilhantes (novamente os reflexos).

     Aliás, é no quesito tradução música/movimento que encontramos o ponto alto de “Água Viva”, coreografia de Eva Schul. A celebração da vida, com seus percalços, suas artimanhas, suas pedras, seus caminhos, suas ondulações, encontros e desencontros, baseada em livro homônimo de Clarice Lispector, é o mote da montagem. A escolha da trilha, que destaca o violino como instrumental, logrou bons frutos, afinal, não é ele, o violino, que parece expor desde a imobilidade da tristeza aguda até o fluir de uma liberdade – ou a consciência de sua impossibilidade – grave? Cabe destacar, em “Água Viva”, o figurino (vestimentas semelhantes às dos monges – a questão do desapego material) e a sincronia do grupo no vai-e-vem do som deste instrumento, nos altos e baixos dos corpos dançantes – ir e vir de braços e troncos, ora acompanhantes, ora separados.

     Todavia, a sincronia de corpos diacrônicos, diferentes, singulares e com talentos individuais ganhou destaque em “Ilação”, coreografia de Driko Oliveira, bailarino da Cia. Aliás, é nesta coreografia que a identidade do grupo transparece: exatamente na união não uniformizada dos bailarinos com experiências em diversas linguagens da dança. A matriz é dança urbana – linguagem propícia para a união, nascida das batalhas entre grupos (gangues) norte-americanos, violência sublimada em movimentos e ritmo marcado. Mas em “Ilação” estão presentes também passos de sapateado, ballet clássico, dança moderna e contemporânea. A Cia está ali – Presente e em Sentido –, também porque, provavelmente, o coreógrafo soube ouvir, ver, perceber o que o grupo é (como grupo e como indivíduos) e, talvez, o que o grupo quer ser (como Cia). Sem conclusões, em desenvolvimento.

     Mais alguns pontos quanto à iluminação e ao cenário. Embora se perceba que estes elementos foram pensados, ainda permanecem algo deficitários. Aqui houve uma “regressão” em relação a “Salão Grená”. Em todas as montagens, faltou um cuidado maior nesses quesitos. São poucos os grupos (talvez por falta de verba ou de pessoal) que lembram que uma boa iluminação (não só alternância de cores, mas o uso de claros e escuros, destaques ou não) e um cenário bem construído (às vezes com elementos suspensos – para melhor uso do espaço) são chaves-mestras para um bom espetáculo. Fica para a próxima. Ah, e para uma melhor apreciação, cabe destacar: coreografias apresentadas sozinhas, uma por sessão, seria uma boa pedida.

GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
Mtb 15.241


       

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

questões que afligem e incomodam em mundos perdidos!

Tenho comentado que o senhor que me "orientou" (na verdade ele me ancorou!- se pensarmos nos moldes de orientação que há por todo lado!) no mestrado, deveria escrever, antes de qualquer outra coisa,

"COMO ORIENTAR" - "O QUE É UM ORIENTADOR!".

Na falta digo eu.

Orientar é como ser pai,   daí eu ter escrito o que escrevi (óbvio que em meu livro!)- NÃO PORQUE ELE SERIA MEU PAI, porque meu pai, GENUINO GUILHERME REOLON, que me educou e gerou é muuuuuuuuuuuuuuuuito diferente, NINGUÉM se assemelha a ele, JAMAIS, nem com  MINHA MÃE, Thereza Ferraro Reolon, eles foram e serão sempre INSUBSTITUÍVEIS e INCOPIÁVEIS.

Mas orientar não é dar  a QUESTÃO ao orientando, ou obrigá-lo a seguir meus preceitos.

ORIENTAR É:
- em presença de alguém que anda quase sozinho, amparar, socorrer do mundo podre, ....,dos ladrões.

- em presença de alguém que não sabe SUA questão, buscar ajudá-lo a achá-la..... A  DELE!.

-  em presença de alguém que é um sacana, dar limites (como a todo dependente químico, pois o sem limites é membro de uma sociedade que ficou toxicômana - tem essas características - NADA QUE A POLÍTICA QUE VIVEMOS NÃO MOSTRE TODOS OS DIAS!).

SER BANCA É  ser alguém que questiona sobre a pergunta DELE e se no trabalho respondeu. NÃO É alguém que impõe escrita, que impõe questões - NINGUÉM É dEUS DE NINGUÉM - e, pelo que sei, DEUS não estaria em um mundo tão podre!. Aliás BANCA só se faz em arguição com o aluno, não se faz às escondidas - a não ser bancas internacionais!.

Podemos ter alguns, parcos e sofridos, deuses, mas O DEUS Jamais! ELE acabaria com o mundo tal qual com   em Sodoma e Gomorra.

E, só para lembrar, CRÍTICA não é COMENTÁRIO. Benjamim disse isso conforme já exposto acima.


PERCEBER, Merleau Ponty, em 1934, disse, SÓ PODEMOS CHEGAR PERTO DAS PERCEPÇÕES DE ALGUÉM SE COMPARTILHAMOS SUAS VERDADES (suas CRENÇAS! - SEUS ideais - SUA HONRA!).

Logo, .....COMIGO NINGUÉM MESMO!.

Heidegger diz sobre questões, escreveu em 1929 (CRUZES!!!!!):

"...TODA QUESTÃO metafísica somente pode ser formulada de tal modo que aquele que interroga, enquanto tal, esteja implicado na questão, i.é, seja problematizado."

                          ↓


"..a interrogação metafísica deve se desenvolver na totalidade e na situação fundamental da existência que INTERROGA".


Sobre`PLÁGIO: NÃO HÁ plágio quando se pesquisa um tema que não se esgota em uma vida inteira, é texto meu, EU NÃO ME PLAGIO, EU SIGO MEUS ESTUDOS (QUESTÃO QUE ME MOVE - como KANT, DESCARTES, ...., todos !)........agora, ROUBO DE TEXTO......alguém outro se meter em texto meu............ihhhhhhhhhh......ISSO SIM É, MAIS QUE PLÁGIO , .........É ROUBO!!!!!!!!!!


Só quem vive de alunos bolsistas vê isso como plágio.....PLÁGIO É ROUBO DO QUE É DO OUTRO!!!!!!!!!!!...


VERA MARTA REOLON
MTb 16.069



E.T.: 1. BANCA DE TCC É PÚBLICA COM  ARGUIÇÃO A ALUNO PRESENTE
         1.1. a apresentação compõe a nota em, pelo menos, 30%¨. (TRINTA POR CENTO!).

         2. PLÁGIO: cópia de obra ALHEIA; plagiar - apresentar como SEU trabalho literário, científico, etc,              de OUTREM.


MPF, PF HELLOOOOOOOOOOOOOOOOOO! - ISSO É ACADEMIA!


FRAUDE - CORRUPÇÃO-ROUBO-TORTURA- ASSASSINATO - bad idea!!!!!!!






domingo, 6 de dezembro de 2015

Ballet da UFRGS cresce em Sentido e Presença

CRÍTICA/DANÇA: Ballet da UFRGS cresce em Sentido e Presença

Depois de apresentar, no primeiro semestre de 2015, uma retrospectiva de seus cinco anos de existência, com trabalhos curtos e diversificados, intercalados com a participação da comunidade acadêmica, o Ballet da UFRGS retornou ao palco do Salão de Atos da instituição com cara própria, e muito para afirmar.

O grupo está mais coeso, o que propiciou um espetáculo muito acima do que se vê em outras apresentações de dança na cidade. Desta vez, o que se viu foi um espetáculo completo – com cerca de uma hora de duração –, totalmente pensado pelo corpo de bailarinos. A coreografia, por exemplo, é de um dos integrantes do grupo.

A qualidade da apresentação foi propiciada também pelo figurino, que diversificou de modo a dar passagem “entre-atos”. Em nenhum momento, o palco ficou naquela escuridão, como se vê constantemente por aí: a montagem foi pensada de tal maneira que bailarinos podiam trocar de figurino sem paradas bruscas e cortes repentinos, o que tira todo o andamento da experiência estética do espectador.

Os bailarinos estavam ótimos, muito bem preparados tecnicamente. Mas não só: o espetáculo, uma mescla de ballet clássico e moderno, foi conseqüência da unidade do grupo, cuja diferença e singularidade de cada integrante foi primordial e perceptível em cada movimento. Movimentos que se mostraram mais amadurecidos em relação à apresentação anterior – mais Presentes – e que, assim, possibilitaram uma produção de Sentido excepcional.


Faltou divulgar o trabalho: a universidade sequer incluiu a apresentação em seu jornal mensal e em sua Agenda Cultural, publicada bimestralmente. Uma apresentação como essa, que divulga o nome da UFRGS, merece mais destaque na cena artística – não só dentro dos muros da instituição.


GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
MTb 15.241  

SEM FRONTEIRAS NA MÚSICA E NA DANÇA

CRÍTICA/DANÇA: Sem fronteiras na música e na dança

A Argentina esteve mais próxima de Porto Alegre na última quarta-feira (02/12). Em um belíssimo espetáculo, que trouxe aos palcos do Teatro Renascença o folclore hermano, a Cia La Marrupeña mostrou, na música e na dança, que gaúchos, argentinos e uruguaios são um só povo (os chamados gauchos).

O espetáculo “Acá estamos – além das fronteiras” expôs uma faceta argentina tão pouco explorada, porém tão próxima às nossas tradições riograndenses. O tango, dança-símbolo daquele país – também se fez presente, inclusive com a clássica La Cumparsita, ponto máximo da apresentação. No entanto, o folclore, com malambos e milongas, embora parecido com o nosso, encenado com tamanha perfeição, foi o destaque da noite.

A Companhia soube equilibrar, com precisão, doses de dança popular argentina com “jogos” tradicionais, também do folclore, como a chula e a dança dos facões, e apresentação musical de gaita e do próprio grupo musical La Marrupeña.

O figurino foi muito escolhido, com diversificação adequada aos diferentes “atos” do espetáculo, conferindo heterogeneidade na unidade – alguns pequenos exageros nas roupas do tango.


Uma pena que a iluminação não foi tão bem planejada, bem como a passagem entre-atos, quando instrumentos precisavam ser instalados. Nada disso, porém, comprometeu a obra, bem articulada pela Presença dos bailarinos e músicos. 


Guilherme Reolon de Oliveira
MTb 15.241 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

ESPETÁCULO!!!!!!!!!

Temos visto diversos espetáculos......todas as semanas.............

poucos dignos de nota.............

Nesta semana ....SURPRESA!!!!!!!!!!!!

Dois espetáculos que valeram sentar em uma cadeira , assistir e se deliciar..........

Falo especificamente da CIA LA MARRUPEÑA......................excelente...........beira à perfeição.........


Outro..e deste quero falar um pouco mais.........a CIA (?) BALLET DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL....................

O BALLET DA UFRGS................

Oito membros............seis moças e dois rapazes............um dos rapazes coreografou......este espetáculo.........ensaiou com o grupo e apresentou-se com eles...........é um deles........

Estes oito bailarinos merecem o título de bailarinos.........não apenas dançarinos..........

dançaram BALLET CLÁSSICO..........BALLET MODERNO...............


ESFORÇARAM-SE e..........chegam perto de um grande grupo..........o que podemos chamar COMPANHIA...........


AGORA..........perguntas que não querem calar............

por quê a frequência de público é tão baixa??????????

praticamente só os familiares e alguns amigos???????


PORQUE NÃO DIVULGAM...........só no meio da própria academia.........e nem ali...........pois nem o jornal da UNIVERSIDADE o divulga.........não falam dele...........e é o grupo da própria academia............


por quê não recebem "verba" de bailarinos que mostram seu trab alho e divulgam a universidade?????


por quê recebem verba de "bolsistas"???????????


por quê será que nem mesmo as grandes empresas jornalísticas do país não divulgam GRUPOS DE DANÇA?????????


porquê será que os críticos só conseguem fazer crítica de cinema????????

não estou falando de dança dentro dos filmes...........

estou dizendo que só sabem falar sobre filmes e seus protagonistas..........dança............nem pensar!!!!!!!!!!!!!!


VERA MARTA REOLON
MTb 16.069  

sábado, 24 de outubro de 2015

CRÍTICA/DANÇA: As formas (das músicas) do amor

CRÍTICA/DANÇA: As formas (das músicas) do amor

Em sua primeira produção original, a Macarenando Dance Concept mostra a que veio. O conceito da tão lembrada Macarena é o ponto de partida para a montagem do espetáculo “100 formas para o amor”. Mas o repertório musical – nacional e internacional – que versa sobre o tema é vasto, e a direção soube usá-lo muito bem em sua concepção: 30 músicas compõem a trilha sonora.

Dos últimos espetáculos de dança apresentados em Porto Alegre, “100 formas para o amor” foi dos melhores. E sua qualidade está justamente na simplicidade. Os oito bailarinos executaram os passos com mestria – embora os movimento pudessem ser compostos mais com o tronco: permaneceram nos membros.

Não havia cenário, mas a inexistência deste não comprometeu o espetáculo – a direção sequer recorreu às projeções, ainda bem! A iluminação foi muito bem utilizada, dando visibilidade, por exemplo, ao conteúdo de caráter etéreo de certas músicas. O figurino, uma mescla de arcaico e moderno, um pouco festa, um pouco não, também casou muito bem com a proposta.

A coreografia, por fim, otimizou o espaço do palco em sua singularidades e traduziu as músicas em movimentos muito precisos – no entanto, a proposta do libreto não foi alcançada: “100 formas para o amor” não apresenta “formas de dançar o amor”, mas formas de dançar as músicas que versam sobre o amor. Há uma diferença aí, mas ok! Cabe destacar também o encadeamento das músicas em seqüência, sem paradas – embora isso possa cansar os bailarinos, ficou ótimo!


A Presença dos bailarinos é o que marca o espetáculo: a expressividade dos rostos e corpos é o seu ponto alto. Todos parecem gostar, efetivamente, do que estão ali fazendo: dançar. Aliás, é justamente essa Presença que contribuiu, e muito, para a produção de sentido, alcançada também porque os bailarinos acompanhavam cantando certas partes das músicas – claro que ficou com cara de musical, mas não: foi dança mesmo! Algo, enfim, que não se vê muito por aí!


 GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
MTb 15.241

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

CRÍTICA - DANÇA : Ballet Concerto apresenta Les Sylphides e Carmina Burana

Entidades do ar na mitologia céltica e germânica, as Sílfides - também sinônimos de mulheres franzinas ou delicadas (porquê delicadas devem ser franzinas?) - parecem não estar presentes no espetáculo encenado pelo Ballet Concerto. Com um Corpo de Baile muito estático e alguns solistas pouco "entregues" ao papel, a encenação deixou a desejar, embora a execução dos passos tenha ocorrido sem erros. Mais uma vez, a técnica se sobressaiu em detrimento ao estilo dos bailarinos, evidenciada pelo adiantamento ou retardamento dos passos, não acompanhando o compasso da música  - cadê sentimento , imprescindível para a produção de sentido?.

Ok, o figurino estava impecável, mas o cenário não havia. Seguiu a maré dos espetáculos que fazem um cenário com apenas um pano pintado, e sem muito cuidado. Infelizmente, os atos, na montagem de Ballet Concerto, transformaram-se em cenas, cortadas - e a platéia, desatenta, continua a aplaudir qualquer pausa na música, às vezes, mesmo com essa em andamento.

A música tradicional de Fréderic Chopin, obviamente foi mantida; todavia, dada a sua natureza, porquâ os bailarinos não procuraram  dar mais vida ao som que se propõe exatamente à "vivificar" uma divindade ligada à fluidez , à soltura?

Após Les Sylphides, chegou a vez de Carmina Burana  (C.Orff),  com versão da Nona Sinfonia de Bethoven, revitalizada no início e no fim da apresentação. Nesta, a platéia parece ter-se anim ado um pouco mais - porque os bailarinos também o fizeram, dançando com mais Presença, também porque o Coro- composto pelo Coral Frederico Gerling Jr - se fez presente , literalmente.  Mas ainda assim, muito a melhorar. Não exatamente a técnica, mas a própria coreografia, muito repetitiva, com passos que iam e vinham da mesma forma.

Mais uma vez, o sentido não ACONTECEU, a poética se perdeu, a técnica se repetiu. De um espetáculo de dança espera-se mais que movimentação e execução de passos. As Companhias parecem não entender isso! Talvez por este motivo, a formação de público em dança seja tão deficitária e a própria valorização desta arte tão desprezada. Os espetáculos, com isso, se impregnam de familiares e amigos dos bailarinos (claro que necessários - mas não só!), e tão só que aplaudem e gritam BRAVO diante de qualquer ação. U ma infelicidade!


GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
MTb 15.241

terça-feira, 29 de setembro de 2015

CULTURA!

Pois é.....

O que é CULTURA???

Obviamente cultura NÃO é apenas o conhecimento (ação da ciência- a própria ciência - o "processo" de fazer ciência! ) que fazemos quando estudamos determinado assunto e/ou cursamos uma Universidade.


Cultura é tudo o que fazemos e nos distingue como povo,  raça, ser.......


Neste sentido os diferentes eventos que as cidades oferecem para que participemos nos fornecem possibilidades de adquirirmos uma cultura.............que denominamos em linguajar sofisticado de tipo acadêmico.....


Então, no último  final de semana, dois espetáculos um que uniu Ballèt Clássico em uma apresentação sobre música de Chopin - Sílfides..........Na sequência uma peça de Ballèt Contemporâneo sobre a Nona de Bethoven, em arranjo moderno ( e o filme Se Eu Fosse Você, hem?),com música e coro.

No domingo (que incluiu sábado também) uma apresentação da Orquestra de Câmara do Teatro São Pedro desenvolvendo peças modernas.....


As apresentações foram  boas, mas algumas considerações devem ser feitas...


As platéias, geralmente de "familiares" e amigos dos "atores" dos espetáculos acabam não sendo platéias "boas", pois deveriam , ao menos, aguardar que estes agradeçam para aplaudir.......digamos que, aplaudindo todo o tempo, ATRAPALHA a apresentação....

Em alguns momentos, por exemplo, o "bailado" nem tinha encerrado o ato e já aplaudiam.....hão de convir que assim é difícil!!!!!!!!!!!!!


Pensa-se em, fala-se muito em formar público para assistir espetáculos.............


Creio que sim, faltam espectadores para os diferentes meios de difusão cultural existentes. Isto faz com que os espetáculos percam , pois se não há exigência, diz-se, há decréscimo de competências que poderiam ser melhor aproveitadas.............


Bem...........é isso por ora............


VERA MARTA REOLON
MTb  16.069    

sábado, 19 de setembro de 2015

PARA PENSAR!!!!!!!!!!!!

"Os problemas do mundo estariam resolvidos se os homens se dedicassem só a pensar". Watson - IBM


Claro que eu Não sou adepta da filosofia Zen-Budista, de ficar em meditação aguardando que o TAO se faça na vida. Posso até pensar em ser zen-budista......mas não desta corrente específica.


Com respeito a isso aí............como eu sempre estive a frente de meu tempo.........TODO FILÓSOFO, como lembra Nietzsche, deve estar aquém de seu tempo, para sê-lo......

Sempre disse que deveríamos ter utilizado de energia solar.....e seríamos auto-suficientes em energia.........desde 1979.........como se sabe ninguém o fez......


Sempre disse que deveríamos manter paralelepípedos para escoar água por entre as pedras , em direção aos mananciais..........veja onde estamos, pois ninguém segue..........preferem usar os resíduos de petróleo em pavi mentações............e soframos com a falta de água......


A respeito do POA em Cena.,......

os espetáculos, infelizmente, deixam a desejar.............economias em figurinos, em palco........e quem perde é o público............



Ainda..........que as teconologias são viciantes ao nível das dependências.........bem, disso já falei , inclusive em mídia televisiva, quando coordenava curso de psicologia, no lá então...........


mas........que esqueçam que Li (LÍTIO) e Si (SILÌCIO) são produtos QUÍMICOS radioativos...........TÊM  RADIOATIVIDADE..............., ou seja, para ser redundante, já sendo, TÊM RADIAÇÃO...............TRANSMITEM RADIAÇÃO.......................


e podem transmitir doenças vinculadas...............vide CÂNCER.....QUEIMAÇÕES, ETC..........ou ninguém viu os resultados das bombas de HIROSHIMA E NAGASAKI??????????



Celulares e outras tecnologias são fabricados com estes elementos químicos....................


COMO MÃES  PODEM   AMAMENTAR CRIANÇAS E "FALAR/ATENDER"  CELULARES COM A CRIANÇA AÍ SE ALIMENTANDO................


É UMA PERGUNTA...........ENTRE OUTRAS............QUE JAMAIS SE CALARÁ............


quiçá.......... vão pensar nisso.............quando já for........talvez já seja..........tarde demais!!!!!!!!!!!!



como outras coisinhas!!!!!!!!!!!!



VERA MARTA REOLON

MTb 16.069

domingo, 30 de agosto de 2015

Thiago Ramil une sintetizadores eletrônicos a ambiências regionalistas

CRÍTICA/MÚSICA

Thiago Ramil une sintetizadores eletrônicos a ambiências regionalistas

     A comparação é inevitável: o sobrenome compromete a fruição e peso da avaliação é ainda maior a filhos e parentes de artistas consagrados. É o caso de Tiago Ramil, sobrinho de Kleiton e Kledir, dupla gaúcha que se projetou nacionalmente na década de 80, e de Vitor Ramil, compositor que fez nome na cena brasileira, mas retornou ao sul e batizou o que aqui se faz de “estética do frio” – afinal, neve é outra coisa que não Brazil, o Brasil difundido.
     Tiago parece fugir do que os tios fizeram e fazem. Só que não. Tiago não transparece a irreverência e a excentricidade de Kleiton e Kledir, nem a sensibilidade e a poesia de Vitor. Mesmo com uma linguagem um pouco mais universal que a dos tios, Tiago repete o repertório – a redundância não é demais – familiar com temas intimistas (como a esquina de casa, a falta de nexo, a admiração por outrem), ainda que não tão transfigurados numa poética do frio, gaúcha, regionalista ou universalista; nem poesia, nem brincadeira.
     Tecnicamente, Tiago apresenta pegadas de reggae, e mesmo de samba e folk. O grupo é multi-instrumentista: muita percussão, guitarras, teclados sintetizados. Tudo junto, com o violão do vocalista, recursos eletrônicos e ambiências – como a captação do som de um sítio, a calmaria e o canto dos pássaros. Mas o excesso, como sempre, é um pecado. O menos é mais; e o clímax é o encontro de Tiago e a irmã, Gutcha Ramil, sempre presente como percussionista no palco, quando estes, sozinhos, entoaram um vocal em dupla, sobre um tal “leite derramado”. E o melhor momento ficou com o bis, com letra simples, porém com um swing mais arrojado.
     O disco é de estréia, o show foi no conceituado Theatro São Pedro (da capital gaúcha), e o projeto, contemplado com a Lei de Incentivo estadual – patrocinado pela Natura (aliás, justamente por isso, o preço do álbum deveria ser bem mais barato). A produção já com “pinta” de artista consagrado (assistente petulante, embora o próprio Tiago ainda tímido). Ou seja, um sobrenome cobra certas qualidades, mas abre uma infinidade de portas. Até mesmo uma turnê nacional. Tiago Ramil se apresenta no Rio e em Curitiba. O disco: à venda apenas no local.

LEVE EMBORA
Artista: Thiago Ramil
Quanto: R$25,00
Avaliação: Regular

LEVE EMBORA – Thiago Ramil
Quando: 01 de setembro, às 21h.
Onde: Solar Botafogo (R. Gen. Polidoro, 180) – Rio de Janeiro
Quanto: entrada franca

domingo, 2 de agosto de 2015

CRÍTICA/DANÇA: Artes divorciadas (?): um desencontro

George Balanchine, coreógrafo neoclássico, afirmara que a dança é a necessidade que temos de exprimir o que sentimos ao escutar música. Não há dança sem musica. O espetáculo “Duas artes em sinfonia azul”, talvez, ansiou expressar esta indissociação música-dança. Talvez. Talvez, ainda, o grupo Emkanto e o duo A corda em si tenham buscado transmitir com a apresentação o que o psicanalista Alain Didier-Weil entendeu por “nota azul”, a voz invocante, a voz materna que transmite desejo à criança, aquela voz-olhar indizível.

Não creio em nenhuma dessas hipóteses.

Mas um espetáculo deve ser avaliado por sua proposta ou por sua apresentação? Se a proposta foi a mencionada, ou outra, não se sabe; a apresentação, infelizmente, não teve êxito em seu casamento (se é que houve um) música-dança, ponto-chave: não havia conexão entre as artes, apenas em poucos instantes fugidios, o que faz com que uma pudesse ser acompanhada sem a outra.
Houve falta de timing; no estalar inicial, no qual houve projeção do poema-tema (projetado de forma a que os espectadores das laterais não pudessem lê-lo por completo), no entre-atos e no final, quando também houve projeção, desta vez dos créditos (como em um filme – créditos demais, já dispostos no programa e também não visíveis a toda a platéia).
No quesito técnico: muitos pontos a melhorar, em uma temática que poderia render muitas aberturas poéticas, a coreografia pecou por um minimalismo sem expressividade. Alguns bailarinos ainda estão muito “duros”, sem maleabilidade, o que compromete a obra, ainda mais uma que trata de fluidez, mar (?), o ninar de um bêbê (?)...

Infelizmente, muitas expectativas frustradas.

Uma dica: para assuntos simples, obras complexas; obras simples para assuntos completos. Um tema tão delicado, jamais deve ser abordado simploriamente.


Guilherme Reolon de Oliveira
MTb 15.241


OBS: Parece que o público anda aprendendo que não se aplaude nos entre-atos, apenas no final, o que já é um ganho, porém os espetáculos devem começar no horário proposto (ultimamente, são as portas que estão sendo abertas neste).


domingo, 19 de julho de 2015

FESTA ROCK!

A semana que passou nos fez comemorar o dia mundial do ROCK.

 Comemorações à parte, tenho a dizer algumas palavras: o ROCK surgiu do JAZZ, música transgressional às composições clássicas, óperas, operetas, arranjos.

O JAZZ surgiu entre os negros, inicialmente, em guetos, escondido, inclusive em garagens.

Expandiu-se, principalmente, com Elvis Presley e Beatles. O primeiro bebendo diretamente do gueto negro e adaptando ao mundo “branco”, não sem sofrer grandes percalços e discriminações, pelo rebolado, pelo ritmo alucinante, enfim pela tal transgressão.

Os Beatles, bem, estes então, apresentando-se em “cavernas”, com suas melodias ritmadas e maravilhosas e suas letras , até certo ponto simples, enlouqueciam “meninas” e “meninos” de todas as instâncias.

Mas eis que o ROCK “evoluiu” (será???), tornou-se outras coisas, baladas, POP, Metal,.....tantos nomes......


Cadê o processo de transgressão????

Cadê as melodias, as letras, o ritmo????


Já o dizia Elvis “ou se tem ritmo ou não se tem, e quem o tem tem muito!”..........então, cadê o ritmo?


Nos guetos o que ouviam, e lá estavam para isso, era ouvir e rebolar ao ritmo da música..........mas entendendo-a de alguma forma!


O que se tem hoje???  Até mesmo em comemorações ao DIA MUNDIAL DO ROCK?....

Barulho...................e da pior espécie.........barulho ensurdecedor...........letras não compreensíveis.................sons sem conexão (será que a tal transgressão virou isso – uma coisa profana sem compreensão, sem entendimento, sem nada???) ..........sem RITMO!


ROCK é ritmo, é letra (pode ser até simplória, mas carregada de sentido!)........mas ritmo...........o que transgride, desde sempre...........é o ritmo........


ROCK é dança.......é alegria...........é festa...............mesmo tristes, presos, magoados.........o ROCK nos alegra..........nos enleva.........


Cadê o ROCK?.....será que está morto em POP, em baladas, em barulho????


Espero que não..........pelo bem de nossos corpos a ansiar mover-se ao som da música.....quer por nossos espíritos a ansiar ALEGRIA!

Nasci no Dia Internacional da Música......anseio por música.....não barulho sem ritmo!!!!


Vera Marta Reolon


MTb 16.069   

domingo, 12 de julho de 2015

CRÍTICA/DANÇA: Os cisnes também se modernizam

            Depois de ser levada às telas de cinema, reinterpretada na excelente atuação que rendeu o Oscar de melhor atriz a Natalie Portman, a fábula “O Lago dos Cisnes”, com música de Tchaikovsky, se modernizou na coreografia encenada, em Porto Alegre, pela Essence Companhia de Dança. O feitiço que transforma uma garota em um cisne, e tudo que disso advém, passou de uma peça de ballet clássico para um espetáculo de ballet moderno.

            Quem sai de casa esperando o tradicional se sente enganado: onde estão os passos clássicos?. Mas a excelente execução compensa a decepção inicial e envolve o espectador no mundo da fantasia propiciado pela trama, inclusive tirando-o de sua zona de conforto: afinal, os personagens são realmente o que apresentam ou também se trata de uma releitura?. A música, entretanto, permanece inalterada.

            Quanto à execução dos movimentos, os bailarinos foram muito bons, ganhando destaque o que interpretou o amante do cisne recém nascido. Havia sincronia  entre o grupo, no entanto, alguns bailarinos, em alguns momentos, pareciam adiantados em relação à música, o que passa desapercebido àqueles que não estão tão atentos aos detalhes da composição. Porém, muitos deles, percebeu-se, não estavam conectados à música, atentos somente à seqüência de passos, o que compromete e diminui a expressividade, a emoção e o sentido da obra. Ainda mais em uma narrativa carregada de momentos de intensa  carga emocional. Infelizmente, esperava mais da protagonista; esta ganhou mais vizibilidade na presença de seu companheiro. Os bailarinos homens estavam melhores, embora o adiantado de uns. As bailarinas no entanto, deixaram um pouco a desejar: faltou mais maleabilidade, mais soltura, mais ritmicidade.        
            Vale destacar, ainda, dois pontos: cenário e figurino. A troca dos elementos que compõem a cena (estes bem elaborados) foi surpreendente, afinal o palco se modificava por completo em cada ato.

            Quanto ao figurino: roupas “de época” muito  bonitas, embora pesadas para movimentos tais quais os executados, dando mais graça e motivos interpretativos em relação aos tradicionais collants e tules, porém menos leveza; e roupas características aos cisnes, de modo a dar consistência na figuração dos personagens – no entanto, dos homens poderiam ser retirados o equivalente aos espartilhos, deixando-os apenas  com as saias que caracterizavam as penas dos animais.

            Adaptação muito boa de “O Lago dos Cisnes”, propiciada por uma construção original que não corrompe, nem adultera a identidade do tradicional ballet de Tchaikowski.
Ou não. Em que consiste “O Lago dos Cisnes”?. Apenas da música que é mantida pela Companhia? E todo o trabalho coreográfico original, não faz parte da obra, da narrativa? Talvez, quem sabe, o que Essence encenou foi algo apenas inspirado em “O Lago dos Cisnes”, e não o próprio. Talvez!


Guilherme Reolon de Oliveira
MTb 15.241 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

CRÍTICA/DANÇA: Em busca de identidade

Salão Grená, da Companhia Municipal de Dança de Porto Alegre, apresenta, em sua sinopse, o problema da identidade porto-alegrense, partindo de uma poética retratada nos salões de baile do século XIX. No entanto, o que se vê é uma angústia frente à outra identidade, ainda em formação: a da própria Companhia. Isso não é bom, nem ruim. O grupo é relativamente novo e, tal como uma criança, ainda não sabe muito de si, nem o que deseja.

Discorrer sobre o cenário (um “salão”), a iluminação (“escura e inebriada”) ou o figurino (vestidos soltos para elas, e roupas de alfaiataria para eles, em sua maioria) poderia ser uma saída: os elementos não são tão definidos, transparecem também uma indefinição do grupo. Carece, entretanto, pensar no que a Companhia almeja como unidade. E se falo em unidade, não confundam como homogeneidade. Fica claro que o grupo apresenta uma multiplicidade de formações ou, ao menos, de gêneros de dança. Ou melhor: de movimentos. Isso porque a dança é uma arte e, como tal, universal.

Essa universalidade foi buscada, me parece, por Salão Grená, porém com outro viés. “Enquanto o particular e o universal divergirem, não há liberdade”, disse Adorno. É isso mesmo. A Companhia Municipal de Porto Alegre arriscou colocar, numa mesma narrativa, ao mesmo tempo, todos os seus bailarinos, em sua heterogeneidade, “homogeneizando-os” – fica evidente, por exemplo, que a coreografia foi pensada de modo a “dar voz” (presença) a todos os gêneros. Todavia, fica mais evidente ainda, que de alguns bailarinos foi cobrada uma adaptação maior, contemplando, numa unidade, quase que só passos de dança contemporânea. Esse é o caminho que a Companhia deseja seguir? Há que se pensar... A diversidade não merece desaparecer (mesmo que parcialmente) em favor de uma suposta, ou forçada, identidade.

Ficam, ainda, alguns pensamentos. Os bailarinos – não todos – têm presença. Mas alguns têm uma formação de anos, e isso não transparece. Não se “doaram” por inteiro em favor do grupo? E, ainda: por que uma música, uma única, durante quase a totalidade do espetáculo? Mais uma vez, a diversidade, a diversificação, seriam mais interessantes. Na execução dos movimentos, os bailarinos, individualmente, beiraram à perfeição. Na expressividade, no sentido e na presença, resultados da relação grupal, a Companhia deixou um pouco a desejar.



Guilherme Reolon de Oliveira

CRÍTICA/DANÇA: Das pistas ao showbusiness

“Dance bem, dance mal, dance sem parar; dance bem, dance até sem saber dançar” ecoavam as Frenéticas nas danceterias dos anos 70. Dança: talvez a arte mais executada e, por isso, a menos apreciada como tal. Afinal, quanto de nós não fervemos nas pistas, mas nunca sequer ousamos tocar um instrumento, esculpir um mármore ou colorir uma tela em branco? O que é a dança senão a matiz do movimento, cujo instrumental é o corpo e cujo estilo é alma, o ritmo, que, segundo Elvis Presley, ou se tem ou não se tem, e aqueles que têm tem muito?

Estilo é individual, disso não temos dúvida. E o que faz da dança uma arte, uma arte portanto universalizável? Será que a técnica, essa coisa que os gregos nos legaram: o “saber fazer”, o “como fazer”? Nesse ponto, o cinema, o vídeo, nos permite parar e refletir, já que eterniza uma coreografia, uma escrita da afecção que se manifesta nos movimentos. Nos filmes, a dança, por vezes, é só um ponto de nexo. Quem não se recorda do tango executado por Al Pacino, cego, em Perfume de Mulher? Em outras obras da 7ª arte, a dança é o próprio mote, senão o clímax da narrativa. Esses são os casos, na minha opinião, respectivamente, de “Be cool – O outro nome do jogo” e “Nine”.

No primeiro, Jonh Travolta (interpretando Chili Palmer) e Uma Thurman (no papel de herdeira de uma gravadora musical), dirigidos por Gary Gray, executam um “pás de deux”, embalados por Sexy, música de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, interpretada pelo grupo de hip hop Black Eyed Peas, que também está em cena, juntamente com o pianista brasileiro Sérgio Mendes. A música remete à sexualidade, é uma declaração de fanatismo e excitação, e a dança, embora pareça não coreografada, feita de improviso, é executada com extremo cuidado e rigor. O figurino, a iluminação e o cenário remetem a uma boate ou bar intimista. A música, sendo ao vivo, requer uma dança também única; e Travolta e Uma o fazem com precisão, materializando o ritmo e o conteúdo da canção em seus corpos. O sentido é produzido pela própria tradução “música-dança”. Há presença: os atores-bailarinos parecem enamorados, em um momento de conquista, mostrando seus “dotes”. Travolta e Uma trabalharam juntos, também em um duo, no já clássico Pulp Fiction, de Quentim Tarantino, mas em Be Cool, o que antes era fruto de entorpecentes, é êxtase quase místico.

Kate Hudson, por sua vez, em seu número intitulado “Cinema Italiano”, de Nine, é uma editora de Vogue, buscando uma entrevista exclusiva com o cineasta Guido Contini. Vogue: Madonna já cantou o universo da moda em música homônima à revista-ícone, mas Kate o faz com mestria, unindo moda e cinema. O cenário é uma passarela, em diversos níveis. O figurino, da protagonista e de seus bailarinos remete aos anos 50 – algumas franjas e botas, e ternos justos e gravatas fininhas, além de óculos escuros. A iluminação é de show business. A música tem muito swing, um pop rock ritmado, com toques de jazz – e a coreografia é em stileto, tal como desejada pelo diretor do filme, Rob Marshall, um “solto controlado”. Os bailarinos estão em despojamento corporal que anima muito a quem vê; a sincronia entre eles é radical: parecem estar em uma sala de espelhos. Tudo contribui para um clima de glamour cinematográfico (cabe destacar que Kate é jornalista e deseja conquistar a atenção do diretor de filmes, que está em crise criativa). Os holofotes, a música, o troca-troca entre as lentes “preto-e-branco” e “colorido” remetem à temática e agregam valor à coreografia de intensos movimentos marcados. Excelente dança que contribui para um enriquecimento da narrativa: “Cinema Italiano” é mais que um número musical: destaca e dá brilho a toda obra fílmica.

Be Cool – O outro nome do jogo e Nine, explorando a dança de maneiras tão díspares e tão singulares, sem dúvida, conduzem para uma resposta aberta à questão colocada no início: a técnica é um passo, mas o estilo é um espetáculo. Um passo, sozinho, nada é. Mas um espetáculo só acontece com passos; estes muito bem fusionados e matizados.



Guilherme Reolon de Oliveira

Deveria ter dado um anel! - Cadê o Anel?

CRÍTICA  DE DANÇA


Senhoras Solteiras - Single Ladies - Put a Ring on IT - Ponha um Anel - Beyoncé (tradução livre)

Todas as Senhoras solteiras
Na boate
Nós acabamos de terminar
Estou fazendo do meu próprio jeito
Você decidiu sair fora
E agora quer surtar
Porque outro cara reparou em mim
Eu estou na dele
Ele está na minha
Não preste atenção nele
Porque chorei as minhas lágrimas
Por três bons anos
Você não pode ficar bravo comigo
Porque se você gostava
Então devia ter me dado um anel....


Três situações: infantil - adulto- o quê?

Desde as proposições da infância, universo adolescente, o sexualizado quase explícito do adulto e a transposição para o universo homossexual ( com uma "performer" ilustre e "superstar").
Mas nem o desenho se presta apenas ao público infantil, nem os shows espetaculares são destinados apenas ao público adulto.

O ambiente é uma escola americana: pequenas esquilas cantam.
O ambiente é festivo, todos adoram, dançam, querem ver, batem palmas acompanhando o ritmo da música.
Mas, a música, qual é?
É um hit de uma cantora superstar do momento - Beyoncé, ou melhor Sasha (assim ela se nomeia). A música Single Ladies - Garotas Desacompanhadas - Garotas Solteiras - Garotas Sózinhas. Que tipo de solidão?
A solidão da solteirice, não da falta de amor. Aqui, não se fala em sentimento, fala-se em estar solteira e não ter anel de noivado.
A moça foi "largada" na boate, o "sujeito" resolveu "cair fora" e a tal, sem perda de tempo, parte para outra. O sujeito então surta, porque queria que ela ficasse na melancolia, aguardando e/ou chorando seu retorno.
Mas as garotas desacompanhadas querem compromisso!. Não necessariamente amor, aliança no dedo, um homem para dizer seu.
Com este mote, Beyoncé, Sasha de maiô preto, sapatos pretos, com duas bailarinhas grita, canta, dança o seu "não estou nem aí".
Coreografia de abertura de pernas, movimentos sinuosos, muita sensualidade e sexualidade latentes.

Já as pequeninas esquiletes - Alvin e os Esquilos 2, vestidas com saiotinhas e blusinhas coloridinhas, estilo uniforme colegial, movimentam-se "batendo cadeiras", rebolando, erguem braços, pernas quase nada, apenas para pequenos deslocamentos.

O terceiro momento da mesma música, em que todos, tanto esquiletes, quanto estas (as terceiras), buscam uma releitura do show-clip de Beyoncé.
Aqui o contexto é um festa de casamento gay, em Nova York. Tudo é grandioso, o noivo (a) é organizador de festas, tudo é excessivo, o casal está a comprometer-se um com o outro, mas já combinaram a possibilidade de outras relações fora do casamento.
Lisa Minelli é a condutora do casamento, mas fará também o espetáculo com duas bailarinas. Todas as três com micro vestidinhos pretos, botas e meias pretas. Como convém a uma "senhora" quase centenária, os movimentos de pernas são mínimos. Há mais braços, indicações da mão e a possibilidade do anel no dedo.  A festa, a festividade é máxima. Todos acompanham cantando, dançando, olhando, se maravilhando.

Enquanto o original é clip-show, as esquiletes apresentação escolar, aqui o show é adulto participativo.


Com Beyoncé os movimentos são máximos, poder-se-ia dizer que aqui é mais dança, performance, movimento, deslocamentos, abertura de ginastas, mais do que performance vocal (já que o som é "back") - embora música e letra sejam dela, junto a outros.

Com as esquiletes o centro está no rebolado, em movimentos harmônicos, mas curtos.

Beyoncé, em sua melhor forma, ao deixar as Destiny Childs e se lançar em carreira solo, o faz com maestria, divulga no mínimo três hits de sucesso, emplaca-os de saída, Single Ladies, If I were a  boy e Hallo, neste disco pré Jay-Z e sua "pasteurização" eletrônica.

No clip de divulgação da música há jogos de claro-escuro, Beyoncé opta por duas bailarinas negras, os movimentos das três beiram a perfeição em sincronia, harmonia, visualização.  A cor dos maiôs só faz ressaltar ainda mais o claro-escuro, luz e sombra, aparição-desaparição.

As esquiletes, como apresentação escolar, dá-se o espetáculo, mas o que fica é a graça, a leveza, o "engraçadinho", mais do que momento performático, embora a presença seja marcante.

No filme Sex and the Citty 2, onde se insere Lisa e seu grupo, também de duas bailarinas e ela, é o ponto alto do filme, pois aí, a música e seu sentido, são o mote roteiral do filme. Como tal a luz é máxima, como convém a uma diva da música e de Hollywood de todos os tempos.

As três performances estão em filmes, também em número de três, o de Beyoncè clip-show, não há roteiro, a não ser do show, performance.
Nas esquiletes o ambiente é escolar, filme adolescente, família.

Já a apresentação de Lisa é o ponto alto de um roteiro que questiona exatamente o que a letra da música explora, os relacionamentos.

O que queremos - queremos amor, ou um anel no dedo e uma relação de fachada?

Fica a questão!!!!


"se abandonamos nossos sonhos não somos nada!" -(sic) - in Flashdance.



Vera Marta Reolon
MTb 16.069
Jul/2015    






segunda-feira, 8 de junho de 2015

CRÍTICA/DANÇA: Todo menor que a soma das partes

Mezcla ousa na metanarrativa e encena a própria produção

            O primeiro espetáculo do grupo Mezcla, especializado em dança de salão, já na segunda apresentação de sua “turnê”, mostrou com preparo técnico a que veio. A companhia é nova: criada a partir de uma reunião de 12 dançarinos – seis casais – em dezembro de 2014, apresentou-se pela primeira vez em 15 de março de 2015. Nesses insipientes seis meses, o objetivo do grupo – “a mescla de movimentos e corpos”, segundo uma de suas integrantes – começa a ser traçado.
            A dança de salão é o foco do grupo, ainda que nesse espetáculo – não nomeado (porquê?) – elementos de ballet moderno ou jazz possam ser percebidos. Outro ponto a ser destacado é a ousadia do grupo (que é constituído de casais premiados individualmente) em apresentar uma “mescla” de espetáculo de dança com teatro.
            A ousadia levou o grupo para um campo sem domínio técnico – a arte dramática – comprometendo o espetáculo. Ainda mais porque a companhia optou pela metanarrativa, contando o “por trás”, o antes do espetáculo, a preparação, espécie de making off, tendência contemporânea para chamar a atenção do espectador, ávido pela fofoca e pelo mundo das celebridades. Isso é eficaz quando o próprio espetáculo está muito amadurecido. O grupo poderia ter esperado para lançar essa proposta num futuro com mais história coletiva. Faltou dinâmica na “parte dramática”, que puxou para o cômico. Os diálogos poderiam ser mais naturais (devido à temática): faltou, por exemplo, os conflitos dos bastidores – fica a impressão que por trás tudo corre bem, sem erros e sem brigas (?) – e houve repetição de falas/cenas (o “comer” – seria um merchandising, tendência moderna a inserir comerciais durante a programação ? – e o “passar uma coreografia”).
            Em outro quesito, o grupo teve mais êxito: na técnica coreográfica. A mescla de ritmos, com uma “atualização” dos gêneros, não tão marcados: o tango não era tão tango, por exemplo. Por isso, talvez, o grupo também optou por uma mescla de figurinos, não tão definidos, conforme os gêneros musicais. Contudo, o excesso de franjas, fendas e outros elementos poderiam ser eliminados: a moderação aqui seria mais adequada.
            Os movimentos foram muito bem executados, sem erros, quase perfeitos – os bailarinos tinham presença. Faltou apenas um “olhar” mais apurado, uma alegria, entre alguns casais – outros estavam mais “sintonizados”. O grupo apenas “pecou”, novamente pelo excesso (repetição) de “ganchos” e a alguns “passos-padrão”. Faltou um encadeamento entre as músicas – faltou, aí sim, mescla; nesse sentido, super-importante para dar ritmo e dinâmica.
O espaço – o palco e além – foi bem utilizado. O cenário foi mínimo – cadeiras e mesas que entravam e saíam conforme a necessidade teatral, além de projeções. Aliás, o elemento tecnológico foi muito presente, também aqui o grupo “pecando” pelo excesso: muitas cenas com o celular como protagonista, o que causou lentidão na narrativa.
Em resumo: o grupo se saiu bem, mas haja visto seu potencial, poderia ter apresentado um espetáculo muito melhor, se optasse só pela dança. Mesclou onde não precisava; faltou mescla onde seria importante: a narrativa ficou fragmentada. Ok, foi bom, foi legal, foi bonito, mas o espectador saiu sem aquele sentimento de “impressionante!”. Parece até que o grupo estava sob um recalque coletivo, cujo momento de extravasar seria exatamente como “Footloose”, após os aplausos. Mas, mesmo aí, a energia não foi liberada. 
por Guilherme Reolon de Oliveira