Guilherme Reolon de Oliveira
Jornalista, filósofo
e sociólogo, doutorando em Ética e Filosofia Política (PUC-RS)
Comemora-se, no dia 05 de junho,
o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data foi criada em 1972, e marcou a
Conferência de Estocolmo, da ONU. Grandes corporações estão, tardiamente,
aderindo às práticas ESG (Ambiental, Social e Governança), também porque só recentemente
a imprensa deu visibilidade às ações de sustentabilidade, baseadas no tripé:
pessoas, planeta e lucro. No entanto, há mais de 30 anos, o filósofo Félix
Guattari destacou que somente uma articulação ético-política (Ecosofia) entre os três registros
ecológicos (meio ambiente, relações sociais e subjetividade humana) é que poderia
responder às sérias problemáticas que se exacerbam cada vez mais.
Ecologia (do grego oikos, casa) não concerne apenas à
natureza, mas ao cuidado de si e dos outros, cuja base é a ética da
responsabilidade, do reconhecimento da alteridade e da valorização das
diferenças. O índice ESG já é considerado, segundo tendências futurológicas,
ultrapassado pelas práticas do Stakeholder
Capitalism, que analisa como as companhias conseguem impactar e gerar valor
não apenas para seus investidores e acionistas, mas para todas as partes
envolvidas, direta ou indiretamente, em seu sucesso (ou fracasso):
funcionários, fornecedores, comunidade local, governo, consumidores e
concorrentes. Políticas de inclusão racial e minorias (mas não só, com fins de
garantir visibilidade), emissão de gases do efeito estufa, tratamento de
efluentes, treinamento de funcionários, proteção de dados, relações com a
comunidade, ética e transparência são alguns fatores analisados. O assunto foi
um dos mais comentados no último Fórum Econômico Mundial.
Neste contexto, importante também
pensarmos em uma Economia Circular, que se opõe ao processo produtivo da
economia linear, e que vai além dos três “R”s: reduzir, reutilizar, reciclar. Nela,
elimina-se o conceito de lixo, já que os resíduos são insumos para a produção
de novos produtos. Por essa visão cíclica, recursos deixam de ser apenas
explorados e descartados: tudo é reaproveitado em um novo ciclo. São os princípios
da sustentabilidade em ação, apoiados em novos modelos tecnológicos. Uma
urgência no Brasil, um dos campeões mundiais na produção de lixo: são 541
toneladas por ano, segundo a ONU. Na Economia Circular, entram em cena,
inclusive os brechós de roupas e eletrodomésticos, os sebos de livros e discos,
os salvados, antiquários, há muito uma realidade em Porto Alegre, que em Caxias
enfrentam resistências. Ao falarmos em
lixo (resíduos sólidos e orgânicos) devemos cuidar mais de nossa cidade neste
aspecto, quando, em tempos de pandemia galopante, ainda vemos lixões a céu
aberto em meio à população e no centro da cidade.
Talvez um dos legados do caos
pandêmico, que nos levou a repensar comportamentos, também sirva para este
propósito: novas ações, mais simples, harmoniosas, equilibradas, justas, bem
pensadas.