"EM TEMPOS DE M E N T I R A UNIVERSAL,

DIZER A V E R D A D E É UM ATO REVOLUCIONÁRIO"

George Orwel
"Quando enterrada, a verdade cresce e se sufoca, ganha uma força tão explosiva que quando vem a tona vai explodindo tudo."

Emile Zola

"Numa obra de arte, o crítico busca o teor de verdade (wahrheitsgehalt), o comentador o teor de coisa (sachgehalt). O que determina a relação entre os dois é esta lei fundamental de toda escrita: à medida que o teor de verdade de uma obra adquire mais significação, sua ligação com o teor de coisa se torna menos aparente e mais interior.

[...] então, somente ele [o historiador, o filósofo] pode colocar a questão crítica fundamental: a aparência do teor de verdade se prende ao teor de coisa, ou a vida do teor de coisa se prende ao teor de verdade?

Pois, ao se dissociarem na obra, eles decidem sobre sua imortalidade. Neste sentido a história das obras prepara sua crítica e aumenta assim a distância histórica de seu poder.

Se compararmos a obra à fogueira, o comentador está diante dela como o químico, o crítico como o alquimista. Enquanto para aquele madeira e cinzas são os únicos objetos de sua análise, para este apenas a chama é um enigma, o enigma do vivo.

Assim o crítico se interroga sobre a verdade cuja chama viva continua a arder por cima das pesadas lenhas do passado e da cinza ligeira do vivido. " Walter Benjamim

"NÃO PERCA TEMPO TENTANDO SER

NINGUÉM EXCETO VOCÊ MESMO,

PORQUE AS COISAS QUE TE FAZEM

UM ESTRANHO SÃO AQUELAS

QUE TE DEIXAM PODEROSO"
PLATT

UMA OBRA SÓ SE TORNA OBRA DE ARTE A PARTIR DA CRÍTICA.


CUIDADO!
ARTE inclui:Dança, Música, Teatro, Literatura,Pintura, Escultura,....., e todo trabalho que dedicamos (pelos nossos TALENTOS) e o realizamos com AMOR (sem inveja, nem dor, nem....)!!!!!!
"UMA FOTO É UM SEGREDO SOBRE UM SEGREDO.

QUANTO MAIS ELA DIZ, MENOS VOCÊ SABE."
D.A.



"A VIDA É UM SONHO.

TORNE-O REAL".
M.T.


"INCAPAZ DE PERCEBER A TUA FORMA, TE ENCONTRO EM VOLTA DE MIM.
TUA PRESENÇA ENCHE MEUS OLHOS COM TEU AMOR, AQUECE MEU CORAÇÃO, POIS ESTÁS EM TODO LUGAR"
A que se presta este blog??????????...............a estabelecer notícias, comentar fatos do cotidiano no e do mundo........elaborar alguma crônica de autoria dos blogueiros responsáveis (que, é óbvio, são maiores, responsáveis, éticos, e nada crianças - embora possuir a leveza das crianças "educadas" não seja nada ruim!!!!!).......realizar críticas, como pensamos não existir nas mídias que temos e vemos..........com, cremos, sabedoria e precisão.........com intuito de buscar melhorias em nossas relações com os seres vivos........e com/para o mundo..........se possível!!!!!!................



Críticas por e pela ARTE ( ESTÉTICA COM ÉTICA - como deve ser!!!! - desde a PAIDÉIA - A BILDUNG - .......ATÉ O SEMPRE!!!!!!!)




EDITORIA RESPONSÁVEL:
GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA E
VERA MARTA REOLON

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Diagnóstico da persistência

 

Guilherme Reolon de Oliveira - MTb 15.241

Crítico cultural, filósofo, sociólogo e jornalista

 

Fui convidado e tive a honra de contribuir com capítulo para a obra “Diagnóstico do tempo: implicações éticas, políticas e sociais da pandemia”, recém lançada pela Fundação Fênix. O livro, em formato e-book, está disponível para download gratuito, a todos os interessados, no site da editora especializada em obras acadêmico-científicas.

Trata-se, como o título anuncia, de um diagnóstico do presente, das implicações a que todos, em escala planetária, fomos submetidos neste ano tão atípico, diante de um organismo que poderia ser classificado, segundo minha percepção, como terrorista, etimologicamente falando. Passados quase doze meses do início da pandemia (no Brasil, mais de nove meses), ainda nos deparamos com um vírus cujas consequências são imprevisíveis, para o qual não há tratamento especifico – e contra o qual só resta a esperança da vacina (emergencial, cujas implicações também são incertas:  não me refiro à eficiência e à segurança, mas ao tempo de imunidade que propiciará).

A obra, assim, é daquele tipo que pode ser entendida como “urgente”, ou seja, escrita “no calor do momento”, quase como uma necessidade, senão para entender o fenômeno em sua totalidade (o que, até o momento, parece impossível), mas para compreendê-lo em suas nuances, do que podemos depreender enquanto acontecimento, evento, portanto sintoma de um contexto mais amplo.

Com caráter interdisciplinar, o livro reúne pesquisadores de diferentes instituições, universidades, públicas e privadas, com formações diversas. São inúmeros os temas ali presentes (em 38 capítulos): reflexões sobre o confinamento, sobre os processos educativos (concentrados no modelo EAD), a saúde propriamente dita (e como cuidado de si e dos outros), as desigualdades sociais e de gênero (escancaradas com a situação), a espetacularização do fenômeno, a normalização da vida danificada, o papel da arte neste contexto, as consequências no direito trabalhista (com legislações criadas às pressas), o fato político (exacerbado pelo evento), questões como sentido da vida, medo, esperança e tragédia.

Uma obra que, por ser escrita durante o acontecimento, como tal deve (e precisa!) ser lida: como diagnóstico de um tempo que, parecia-nos, ia durar pouco, nos surpreendemos com sua persistência e, precisamos admitir, não cessará tão logo. 

 

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Compliance e Filosofia

 

Guilherme Reolon de Oliveira

Crítico cultural, jornalista, filósofo e sociólogo, Doutorando em Ética e Filosofia Política (PUC-RS)

 

A edição de setembro de 2004 da Revista Exame destacava que as empresas estavam admitindo filósofos, como diferencial diante de uma realidade de muitos profissionais com MBA (Master Business Administration). Por aqui, as empresas ainda não aderiram à proposta, quando muito recorrendo a palestras pontuais de profissionais da área. Diversificação de perspectivas é a grande chave para situações de crise e para mudanças culturais necessárias ao ambiente corporativo, quando este deseja estabelecer novos protocolos e diretrizes internas(ética nas práticas, governança corporativa, etc..).

Não há dúvidas que o setor de Compliance é fundamental, especialmente quando a transparência é um dos valores mais importantes na contemporaneidade. Assim, este setor, aliado ao de comunicação, talvez seja o que mais requeira o filósofo na empresa. Isso porque atua na intersecção dos Riscos de Imagem e dos Riscos Legais. O filósofo apresenta qualificações e formação adequada às diferentes situações, especialmente no que tange à diversidade de correntes teóricas da ética, logo também na sua prática.

Cada vez mais questões como diversidade nas organizações e igualdade de condições se mostram essenciais. O setor de Compliance, ou seja, de “Conformidade”, precisa estar alinhado não apenas às normativas internacionais – inclusive no que tange à sustentabilidade econômica, social e ambiental – mas às demandas do contexto histórico atual. À semelhança do Escritório de Ética e da Ouvidoria, o Compliance deve ser um canal de denúncias, reclamações e sugestões.

Etimologicamente, o termo inglês Compliance se origina do francês antigo cumplir (cumprir) e do latim complere (realizar), ambos significando “concordância com o solicitado”. A “conformidade”, neste sentido, concerne aos mecanismos anticorrupção (de qualquer natureza), às relações comerciais e internas, aderência às instruções ISO e congêneres, mas fundamentalmente no que se refere às relações entre funcionários, colaboradores e equipe diretiva, neutralizando o poder como Gewalt (violência), alicerçando-o como liderança. Dessa forma, quaisquer mecanismos de abuso devem ser combatidos, como prática intersetorial.

O filósofo, amparado em diferentes métodos e conceitos, se insere como fundamental no Compliance, já que este concerne ao conjunto de regras, padrões e procedimentos, éticos e legais, que orientam o comportamento da instituição. Em outras palavras, o filósofo atuará como farol num setor responsável pela cultura organizacional.  

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Carta aberta ao Prefeito Eleito

 

Guilherme Reolon de Oliveira

Crítico cultural, jornalista, filósofo e sociólogo

 

Prezado Adiló, parabenizando-o, assim como sua vice, Paula Ioris, pela vitória no pleito eleitoral, escrevo-lhe para que tenhas um cuidado com a política cultural, sucateada que foi. Desejo, profundamente, que a cultura seja vista em sua dupla faceta: como instrumento de transformação social e como fonte de progresso econômico, ambas alicerçadas na dimensão estética, o juízo de gosto, tão importante ao humano quanto à dimensão ética.

Nesse sentido, que os diferentes departamentos da Secretaria da Cultura (livro, dança, teatro, música, artes visuais, patrimônio, popular, etc.) estejam interligados com projetos em comum. Que esta estabeleça laços com outras secretarias, especialmente a da Saúde (com destaque para sua coordenação de Saúde Mental, no pós-pandemia), Educação (fortificando projetos como a Escola Preparatória de Dança, o Passaporte da Leitura, ampliando suas abrangências, criando outros), Turismo (ações em enoturismo, rota das cervejas, dinamização dos museus já existentes, como a Casa de Pedra, movimentando-os, e ampliando o uso dos Pavilhões), Assistência Social.

Que Cultura e Turismo sejam vistos como potenciais na geração de empregos, por isso a necessária ligação desses com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, entendendo-os como novas matrizes econômicas, tendo em vista a crise de nossas indústrias. A Economia Criativa é algo a ser explorado, o governo de São Paulo criou secretaria específica para políticas nesse setor.

Que o Instituto Bruno Segalla seja cuidado pela administração municipal como trunfo artístico, turístico e econômico, como a Fundação Iberê Camargo (em Porto Alegre). Que o plano de ocupação da Maesa, já existente, seja aplicado imediatamente. Para tanto, penso que o melhor é estabelecer parceria público-privada, em que uma gestão do espaço seja realizada por Organização Social (à semelhança do Theatro São Pedro, na capital).

Importante também fortificar os mecanismos de fomento e os espaços culturais já existentes: que o Ordovás e a Casa da Cultura  sejam lugares de convivência comunitária, ampliando ações que interliguem departamentos. Coisas simples, como a ampliação do horário de funcionamento da Galeria Gerd Borheim, por ex. Atualmente, o caxiense que vai assistir a um espetáculo no Teatro Pedro Parenti (à noite) encontra a galeria fechada. E, por fim, que festivais como Caxias em Cena e Caxias em Movimento sejam mais incentivados, para que a comunidade participe desses como o faz na Feira do Livro, um sucesso de gestão. Incentivar a Companhia Municipal de Dança, o Coro e a Orquestra de Sopros para que estes ampliem seus repertórios, com apresentações mensais, também é fundamental! Isso e muito mais... Utopia? Penso que não! Um abraço e boa gestão.

domingo, 15 de novembro de 2020

Get Back e o retorno do Terça Cult

 


Era mais que saudade. Há sete meses, devido à pandemia, os espetáculos e shows cessaram. E, com grande entusiasmo, o Terça Cult, tradicional evento do Recreio da Juventude, retornou. Nada melhor que uma banda tributo aos Beatles. Até porque Beatles é como chocolate, não há quem não goste, ao menos de algumas músicas.

Get Back foi a banda, muito bem escolhida. Composta por músicos que tem outros projetos em suas carreiras, a banda é recente, com pouco mais de um ano. No entanto, dada sua excelência, diverte e encanta os saudosos dos ingleses mais famosos de todos os tempos.

A proposta de Get Back é interessante: o repertório contempla os principais hits, em ordem cronológica, contextualizando, ainda que brevemente, o surgimento de cada música. O entrosamento dos músicos, aliado ao modo como conduzem o show, à performance de palco e ao repertório, tornaram a apresentação cativante e divertida, como já o haviam feito em sua primeira vez no Terça Cult, em 2019.

Get Back foi um retorno aos Beatles, mas principalmente um retorno do Terça Cult, uma excelente iniciativa do Recreio da Juventude, um presente à comunidade caxiense. Que seja só o primeiro de um reinício próspero, no tal do “novo normal”. Para quem acompanha a cena cultural, foi só um start, que deixa gostinho de “quero mais”. Um start em grande estilo!

 

Vera Marta Reolon

 Mtb 16.069

Guilherme Reolon de Oliveira

Mtb 15.241

terça-feira, 10 de novembro de 2020

O filósofo nas corporações

 

Guilherme Reolon de Oliveira

Filósofo, sociólogo e jornalista, Doutorando em Ética e Filosofia Política (PUC-RS)

 

O espanto é a origem do filosofar, segundo Platão e Aristóteles. E, no contemporâneo, são muitos os acontecimentos que nos impressionam. A filosofia, com a pandemia, e os consequentes questionamentos sobre verdade e método (especialmente relativos às fake news e o papel da ciência na sociedade), está em voga. Seus usos, no entanto, parecem restritos se comparados às possíveis aplicações da área.

A face teórica da filosofia tão rica e fundamento dos outros saberes  está em descrédito. No âmbito educacional, a lei nº 11.684/08 instituiu sua obrigatoriedade no currículo escolar do Ensino Médio. Colocada em xeque recentemente, torço para que, com o Novo Ensino Médio, adquira nova roupagem que atraia os jovens, ultrapassando a dimensão da teoria, aplicando-a, por ex., na alfabetização para a mídia e as imagens. No ensino superior, com a redução dos currículos, foi marginalizada, antes presente como disciplina obrigatória, ao menos no âmbito da teoria da ciência e metodologia da pesquisa. Sua atual ausência talvez explique, inclusive, o desprestígio da ciência.

Sua face aplicada, todavia, parece ganhar novos contornos que, embora não tão novos, demoram a se concretizar no âmbito regional e local. A filosofia clínica já é uma realidade – assunto para outro artigo. E a revista Exame, há mais de 15 anos, noticiou a contratação de filósofos nas grandes corporações e em empresas de consultoria. Com muitos profissionais com MBA, abrem-se as portas para outras formações, como diferencial de mercado, mas não só. Diversificação de perspectivas é a grande chave para entender essas nova realidade. No mercado de ações, as governanças corporativas exigem uma nova ISSO vinculada a preceitos éticos (filosofia primordial!).

O filósofo, nesse sentido, tem formação compatível às diferentes questões contemporâneas, inclusive corporativas: valores, missão e princípios institucionais. O filósofo pode constituir setor específico na organização (p.ex., um Escritório de Ética), ou atuar como auxiliar ou consultor em departamentos de treinamento, gestão de pessoas, engenharia de produção, patrimônio, em conselhos curadores, conselho de administração, equipe diretiva, marketing e comunicação. Em atenção às práticas internacionais (normas de conduta e transparência), é fundamental no setor de Compliance.

Desejando estar inserida no contexto contemporâneo, a empresa, com o filósofo, ampara-se diante de constantes demandas: inclusão e diversidade, felicidade e bem-estar, liderança e desenvolvimento emocional, reconhecimento da diferença, acessibilidade, liberdade e igualdade, democracia, identidade institucional, responsabilidade social, design de produto, processos produtivos.

Amparada na máxima “Conhece-te a ti mesmo”, a filosofia, como amizade pelo saber, utilizando-se de diferentes métodos (maiêutica, dialética, lógico-analítica, fenomenologia e hermenêutica), só tem a contribuir para uma gestão ao mesmo tempo lucrativa e sustentável. Fica o convite aos empresários!. E seu diferencial!.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

ENOTURISMO EM CAXIAS

       Muito boa a ideia “VISITE SEU QUINTAL” DA Secretaria Municipal do Turismo. O vídeo, em uma primeira impressão, é até emocionante. Uma questão pontual é como este chegará ao seu público-alvo, seja ela caxiense ou não. Como imprensa e sabendo de seu lançamento fui em busca de encontra-lo no youtube, não o encontrando no canal “TURISMO CAXIAS” (oficial?), só o conseguindo ao pesquisar ‘VISITE SEU QUINTAL- Turismo Caxias”.

      Mas vamos aos pontos positivos. Como entusiasta do enoturismo, não pude deixar de me contentar com a iniciativa, já que o  vídeo valoriza muitas de nossas vinícolas e as vincula aos roteiros turísticos (que já existem, mas não são explorados pela cadeia de viagens, nem pelos moradores da cidade, talvez por ignorância ou desinformação) e ao interior (quase totalmente asfaltado), dois trunfos. Parece-me, até mesmo visitando uma de nossas vinícolas em Galópolis, é que falta integração entre elas (claro que a profissionalização em enoturismo precisa, e muito, ser qualificada, em comparação ao das cidades  vizinhas), restaurantes, rede hoteleira, centros culturais e artísticos (sempre lembrando de nossos quase esquecidos, o Instituto Bruno Segalla, o Documenta, o AMARP).

      Um ponto deve levar ao outro, todos ganhando. Não é útil, eficiente, nem lucrativo, que o visitante acesse uma vinícola, se lá não há roteiros enoturísticos, que ultrapassem a simples degustação de alguns rótulos, que propiciem uma “experiência estética”. Vinícolas de cidades vizinhas são sábias quando firmam parcerias (nem todas, diga-se de passagem, o fazem) com chocolatarias, fabricantes de queijos e embutidos, congregando empresas, incentivando o pernoite na cidade ao incluir cinema em seus roteiros, por exemplo.

     É preciso que existam outros atrativos no caminho até a vinícola também. Que o turista (e mesmo o morador) experienciem a cidade como um todo. Sem falar na qualidade dos próprios vinhos. Nossas vinícolas vêm se qualificando, o que é bom, mas precisam melhorar.

     Não quero me ater às críticas. Realmente a iniciativa de nossa Secretaria do Turismo foi um acerto, o próprio caxiense (falo por experiência própria) conhece pouco de suas belezas, seus atrativos, seu interior, e até de sua arte. Parece-me que a “VISITE SEU QUINTAL” sequer precisaria ser vinculada ao momento pandêmico, universalizando o vídeo como trunfo a ser explorado ininterruptamente. Que sirva para olharmos para nós mesmos, que tanto valorizamos o que “vem de fora”!. Quem sabe pensemos, ao menos, em gerar empregos – algo tão necessário nestes tempos , urgente na verdade. Sigamos exemplos que nos vêm da Europa (que exaltamos tanto!) e busquemos respostas ao desemprego aí!!!.

 

GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA

MTb 15.241 


VERA MARTA REOLON 

MTb 16.069     

CANCELAMENTOS E ECOLOGIA

       Comemora-se o dia da NATUREZA em 04 de outubro. Etimologicamente, ecologia é palavra que deriva das gregas oikos e logos. Oikos designa casa, ambiente, o que amplia a  significação da ecologia: perpassa questões relativas à natureza. O filósofo e psicanalista Felix Guatari, atento a isso, destacara que são três os registros ecológicos: o do meio ambiente, o das relações sociais e o da subjetividade humana.

      Parece-me importante, nesta data, refletir não somente sobre o que fazemos com as árvores, as águas e os animais que nos cercam e convivem conosco, mas sobre nossas relações. É evidente o debate sobre os “cancelamentos” (ir na internet e mandar que não leiam alguém!) de pessoas – sim, porque, independente de suas ideias, são sujeitos – nas redes sociais. Destroem-se  reputações, carreiras e subjetividades. São fortes os embates entre os que defendem a liberdade de expressão como direito fundamental absoluto e os que elevam o “lugar de fala” à categoria de superioridade, principalmente quando o assunto é relativo a questões identitárias e minoritárias (e/ou simples inveja!).

     Na polarização que foi exacerbada nos meios digitais, esse embate também ganhou contornos extremados. A solução, me parece, sempre passa pelo equilíbrio, pela temperança, o caminho do meio, como também nos legara Aristóteles, na Ética a Nicômacos (ou simplesmente que busquem um tratamento, se é que alguém tem condições de tratar tais males!).

    Tal é o fundamento da sustentabilidade, cujo objetivo é a agregação, jamais qualquer tipo de exclusão. Pensar a ecologia na atualidade, obviamente passa pela preocupação com o que acontece na Amazônia e no Pantanal, mas não só. Com a mineração em terras indígenas, ´mas não só. Com as podas e derrubadas de nossas árvores, aqui em Caxias, mas não só. Com o que foi feito do oásis, os jardins da Chácara dos Eberle, mas não só. Lemro-me de um desenho de minha infância, Capitão Planeta, em que o herói era constituído pela união dos elementos naturais (materiais) com os emocionais (as relações, os sujeitos). Isso é comunidade!.

    Já foi dito que as redes sociais tribalizam a cultura partilhada, ou seja, juntamo-nos cada vez mais, aos nossos semelhantes (nem tanto!), não àqueles diferentes. Formam-se gangues, bolhas. Mas as pesquisas indicam  que elas estão em declínio. O  “cancelamento” ainda que motivado por questões ético-políticas destrói mais sujeitos que ideias e é o oposto à democracia. Respeitar o outro em sua singularidade, independente de suas características (ou por elas e apesar delas), demonstra que o politicamente correto é a pior censura. NO lugar do “cancelamento” o acolhimento, a responsabilidade pelo outro, que não passa pela dimensão do dever, da obrigação, mas do reconhecimento. O respeito ao outro indica respeito e ética consigo mesmo e com os seus (verdadeiro sentido da ética mesma).

 

GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA

MTb 15.241


VERA MARTA REOLON

MTb 16.069

 

 

 

domingo, 27 de setembro de 2020

VIVANT WINES: Primeiro Vinho Fino em lata do Brasil


     Seguindo uma novidade do exterior - surgida despretensiosamente em 2004 com o cineasta Francis  Ford Coppola, e com os pioneiros em seu consumo em 2008 - a VIVANT WINES  lançou em janeiro de 2019 o primeiro  vinho em lata no Brasil. 

        Pudemos conversar com um dos três sócios fundadores, que nos apresentou a proposta inovadora. Direto do sudeste do país, a marca buscou na serra gaúcha os vinhos que enlataria. Depois de muitas negativas, foi a vinícola caxiense Don Bonifácio que topou a parceria.

       Com quase dois anos de existência e meio milhão de latas vendidas, a VIVANT lançou três rótulos: branco, tinto e rosé. Em novembro virão mais dois, ambos frisantes (branco e rosé). Atualmente, está presente em 24 estados e 500 cidades brasileiras, atingindo 20% do território nacional. São trinta mil litros de vinhos por mês, ou 130 mil latas. 

       O proprietário nos apresentou o sistema produtivo que, embora simples, o enlatamento envolve um encadeamento cujo maior objetivo é a entrega do produto limpo e seguro. A máquina de enlatamento inclui expedição de nitrogênio e luz ultravioleta, além da higienização com água. A perda de produção que no início atingia 8%, aprimorada e qualificada, reduziu para 0,5%. 

      Degustamos os três rótulos: leves, equilibrados e descomplicados, jovens e de fácil assimilação, os vinhos em lata da VIVANT seguem a proposta da empresa e do formato inovador. O público alvo são os jovens, o consumo em piscinas e praias, sem o ar de "frescura" que o vinho em garrafa remete. Um churrasco e - por quê não? - um jantar em um restaurante também podem ser públicos em potencial, ainda mais se o consumidor bebe pouco (e, assim, deve sê-lo nos dias de hoje) e/ou não é acompanhado em sua apreciação.  

      Além do conteúdo e seguindo tendência de mercado (a preocupação com a inclusão e o combate aos diferentes preconceitos, o que também remete a um dos objetivos da empresa, ampliar e desmitificar o consumo de vinhos), a VIVANT lançou os três produtos em duas linhas de produção em lata. Interessante inclusive para colecionadores de latas. A primeira o cerne foi gênero e a segunda raça. A linha de frisantes que logo vem aí remeterá  à diversidade de corpos (gordos, deficientes).

     Proposta contemporânea na forma e conteúdo que vale a pena ser conferida!.


GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA

MTb 15.241


VERA MARTA REOLON

MTb 16.069


Fotos by@GuiReOli  


TUA FRUTA em nova casa

      



       Sob novo endereço, a frutaria TUA FRUTA, quase uma boutique de hortaliças, frutas e legumes, está mais próxima do público caxiense, já que localizada na Júlio de Castilhos, em região central. 

   

        Continua com todos seus serviços, sua expertise, o aplicativo para compras, o pacote de assinaturas (seu grande diferencial, cujo pagamento mensal dá direito a entregas semanais). Outra novidade é a venda de compotas, vinhos, queijos, geleias, mel. Além das frutas e verduras (inclusive diferenciadas, como tâmaras, damascos, cacau, manga sem fio, cogumelos), permanece com a venda de cereais, grãos a granel, as tradicionais kombuchas ...e o serviço de ofertar sucos feitos na hora!

             Vale conferir a novidade...ainda mais que os proprietários estão sempre com ofertas tentadoras.


GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA

MTb 15.241


VERA MARTA REOLON

MTb 16. 069


Fotos by@GuiReOli


segunda-feira, 14 de setembro de 2020

MIOLO: Forte no Enoturismo




      Inserida no caminho Vale dos Vinhedos, um dos grandes trunfos turísticos na Serra Gaúcha (que impulsionou a visitação de Bento Gonçalves), a MIOLO é uma das vinícolas com maior movimento de turistas (mesmo durante a pandemia) em que já estivemos. São diversos grupos que passam em suas instalações todos os dias. A MIOLO se insere no MIOLO WINE GROUP que congrega outras três vinícolas: ALMADEN, TERRANOVA e SEIDAL. 

     O terreno adquirido pela família que detém a maioria das ações do grupo, de 84 hectares, abriga videiras de 45 variedades (que o visitante pode inclusive visitar na safra e degustar), sendo que dessas 30 são usadas pelo grupo e apenas 4 na própria MIOLO: chardonnay, pinot noir, cabernet sauvignon e merlot (essa última sendo a que melhor se adaptou ao Vale dos Vinhedos e, em composição com a cabernet, configura a linha Lote43, considerada a de melhor qualidade da MIOLO). 






     Como vinícola independente - antes vendia sua produção para cooperativa - a MIOLO iniciou seus trabalhos em 1988, o que é considerado recente. Sua primeira colheita aconteceu em 1990, seu primeiro vinho foi lançado em 1992 e, até o ano de 2000, utilizava pipas de madeira de araucária, hoje presentes no roteiro enoturístico como parte histórica. Nesse sentido, cabe lembrar que, enquanto o processo de vinificação demorava oito meses nesse tipo de material, nos atuais tonéis de inox se reduz para 20 ou 30 dias. 



      O terreno da MIOLO produz 800 mil litros, ao passo que o grupo totaliza 12 milhões de litros por ano. Pudemos participar de dois roteiros enoturísticos na vinícola, o mais comum (com a técnica em vitivnicultura a nos acompanhar) e o DENOMINAÇÃO DE ORIGEM (DO -  com sommelier em formação), que pouco se diferenciam: apenas na degustação de rótulos diferentes e em locais distintos. Em ambos, trata-se de roteiro simples em relação a outras vinícolas: não há provas intermediárias nos tanques, não se conhece diretamente os processos de vinificação, não há harmonização, o que se viu aqui e ali. Conhece-se as pipas antigas, os atuais tanques, as barricas de carvalho (que são fabricadas pelo único tanoeiro ainda vivo no Brasil, utilizadas por 20 a 25 anos e que totalizam 1.500, sendo mil francesas e 500 americanas), degusta-se quatro rótulos.




      No roteiro DO o destaque é para os rótulos mais qualificados, para o local de degustação - a cave do proprietário - e, principalmente, a possibilidade de poder acessar o último andar do prédio projetado para o enoturismo, cuja vista panorâmica é espetacular. 




    Dois outros destaques: para o projeto WINE MAKER, iniciado em 2008,  cujo participante acompanha de perto os processos de vinificação durante quatro encontros em um ano, e para os 450 hectares dos vinhedos da ALMADEN, a mais antiga  vinícola da Califórnia, desde  1852 lá e desde 1973 no Brasil, adquirida pela WINE GROUP recentemente. 

     Fomos presenteados com espumantes demi-sec  da ALMADEN que, embora apreciemos (desde antes, e há muuuuito tempo), são considerados de linha inferior pelo grupo - por quê será??...E, pergunta que não quer calar: Por quê presentear críticos com o que consideramos menos????.




GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
MTb 15.241

VERA MARTA REOLON
MTb 16.069

Fotos by@GuiReOli

O tradicional e o retrô na CASA BRANCA




     Localizada na icônica casa onde, por muitos anos, funcionou a produtora de formaturas GOLLO FECIT, casa essa de proprietárias ligadas às artes (aqui incluímos a arte do vestuário), está instalada a CASA BRANCA ALFAIATARIA E BOUTIQUE. O simbólico nome, que evoca a sede do governo dos EUA e, consequentemente, poder e prestígio, dá o tom da loja especializada em roupas masculinas e sua alfaiataria.


     Contrariando o senso comum, a proprietária considera o público masculino mais versátil, diferente e mais fácil de agradar, uma moda com mais amplitude. Isso porque, no contemporâneo, os homens estão mais preocupados consigo, cuidando mais de sua imagem, sem deixar de lado a praticidade.

    A CASA BRANCA alia o clássico com o moderno,  especialmente em roupas alto-esporte e social, congregando gostos mais conservadores (por exemplo, ternos escuros) com mais progressistas (que investem em peças de tendências, com cortes, cores e combinações alinhados aos últimos desfiles internacionais). Por isso, embora a loja atenda mais advogados e empresários, oferece consultoria de moda, atendendo a diferentes públicos, o que se reflete também no serviço "sob medida", que quase não se encontra mais em cidades como Caxias do Sul (cabe destacar que a proprietária realizou curso especializado na área, em fábrica de ternos e costumes).





   Há um certo tom aconchegante no ambiente da loja, como se entrássemos realmente em uma casa, tendo em vista o design intimista, como o uso de cores mais sóbrias. Prova disso, é que clientes aproveitam o ambiente para Happy hours.    


   A qualidade, sem dúvida, começa pela compra dos produtos. E a CASA BRANCA investe neste quesito, não só adquirindo grandes marcas, mas pensando nos detalhes: peças exclusivas, tecidos de alta qualidade, cortes e acabamentos impecáveis, diversificação de cores (por favoooor,  mais cor para o masculino!!) e para consequente maior possibilidade de combinações, conforme o estilo do cliente.




    Aliás, diferentes estilos (e novas combinações inusitadas) ali podem ser encontrados: o tradicional, a tendência e o retrô (forte na atualidade - os "vintage" que o digam). Nesse sentido, destacam-se cores claras, xadrez, risca de giz, e mesmo o duplo abotoamento (ou trespassado) em ternos e costumes. Destaque maior para itens que eram moda em certo tempo, sumiram das prateleiras e hoje são de uso de homens alinhados ao que há de mais moderno: o colete - que era parte do terno, hoje é usado com ou sem ele - , a gravata borboleta e o suspensório. A onda retrô, que abarca também o lenço no bolso do costume, o corte mais slim (forte nos anos 50 do século passado),  se faz presente em objetos de decoração da loja (como uma lambreta exposta nas dependências- linda!!) e no encontro anual de carros antigos promovidos pela CASA BRANCA.





GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
MTb 15.241

VERA MARTA REOLON
MTb 16. 069

Fotos by@GuiReOli

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Panizzon: Intimismo e Grandiosidade



       Uma vinícola estritamente familiar e um faturamento que chegou aos R$ 175 milhões no ano passado. Parece contraditório, mas não. A Vinícola Panizzon , de Flores da Cunha, congrega um estilo intimista, que dá impressão de pequenez, com uma larga produção, e uma média anual de 40 milhões de litros de sucos, vinhos e espumantes. 

         Com uma equipe de seis enólogos, surgiu em 1960, a partir de uma dificuldade financeira na família: sua produção inteira daquele ano não foi comprada pela empresa que a adquiria anualmente.  O fundador, da terceira geração de uma família de imigrantes italianos, deu início ao seu próprio empreendimento. Hoje, tem sessenta hectares de videiras em Campestre da Serra, que funcionam quase como um laboratório de qualidade de seus vinhos finos. Além de mil famílias, assistidas pela Panizzon, que fornecem suas produções. Desde 2006, destaca-se também pelos sucos concentrados e sucos integrais (uva, pêssego, maracujá, abacaxi, maçã, laranja).

         A valorização de sua história, "importante para pensar onde se quer chegar" (sic), segundo um de seus nove sócios, está presente principalmente em dois ambientes aos quais o visitante tem acesso nos primeiros momentos. Um primeiro espaço com fotos que retratam a evolução da Vinícola, de 1960 aos dias atuais. E outro, o memorial,  com espaços destinados a cada membro da duas primeiras gerações (hoje, a terceira já está na direção), fotos desses, objetos significativos para a família e os principais produtos que saíram de linha ou mudaram de rótulo, por exemplo. 





      A história é ainda mais valorizada com a preservação da casa antiga, primeira instalação da Panizzon, hoje destinada a Vinagraria, um dos destaques da empresa, que sabiamente, não desperdiça os vinhos cuja qualidade foi duvidosa, fabricando vinagres e, com isso, aumentando seu capital.

      Na visita, ainda tivemos acesso, às instalações dos locais que recebem as uvas, os tanques de vinificação e fermentação, ao maquinário de engarrafamento e encaixotamento, ao estoque (todo vendido até o final do ano, que chama atenção pela dimensão - quatro mil porta pallets). Cabe o destaque para a técnica empregada nos vinhos: a inserção de estacas de carvalho nos tanques, com tostagem alta nos tintos e baixa nos brancos, uma estaca a cada 100 litros de vinho. Também para o fato de todos os espumantes serem produzidos no método charmat , desmistificando falsos preconceitos, tendo em vista a excepcional qualidade da Panizzon.







     Pudemos ainda degustar de cinco produtos da Vinícola: O espumante prosseco Brut (muito equilibrado, com frescor); os vinhos chardonnay branco (com seis meses de carvalho) e o Maximus (doze meses de carvalho e corte de cabernet franc, ancelota, e merlot), excelentes, aroma significativo, boa persistência e tanino bem equilibrado; o espumante San Martim, moscatel rosé (típico como: "quase sobremesa", leve). Por fim, um dos sucos, o de maracujá e maçã, cuja combinação merece destaque. Fomos presenteados com vinhos de variedades que raramente são encontradas, especialmente nas vinícolas brasileiras (Ancelota e Montepulciano), que merecem conferidos e saboreados. Ótimos!!!!!. 



      E, parece, segundo dados, que o consumo durante a pandemia aumentou significativamente. A PANIZZON comprova este dado!!.


GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
MTb 15.241

VERA MARTA REOLON
MTb 16.069

Fotos by@GuiReOli