A 51ª edição do
Festival de Cinema de Gramado foi um marco: principalmente no que se refere a
emoções e sentimentos, permeados de tristeza (pelo falecimento da homenageada
Léa Garcia, no dia em que receberia o Oscarito) e alegrias, por
inúmeros momentos memoráveis.

Podemos destacar
duas datas na programação do Festival, que aconteceu de 11 a 19 de agosto: a
terça, dia 15, e a sexta, 18. Na terça, o curta “Ela mora logo ali”, de Fabiano
Barros e Rafael Rogante, de Rondônia, tocou o coração: primeira atuação da
protagonista, o filme mostra a emoção de uma mulher adulta desejando aprender a
ler, a partir de um encontro inusitado e as consequências da literatura na vida
de seu filho deficiente mental. O longa da noite, “O barulho da noite”, de Eva
Pereira, do Tocantins, trouxe à tona o dilema “calar versus fazer calar”
diante do estupro de menores em uma região do país cheia de carências. Mostrou
a saga de uma mãe que, diante do desejo por um parente que chega de maneira
abrupta, é corajosa (cometendo até mesmo um crime) diante da paixão, mas cala
frente à violência sexual contra suas filhas, pelo mesmo homem. Dois filmes que
provocam a reflexão, diante de temas urgentes e necessários. A terça ainda foi
marcada pela entrega do Troféu Oscarito a Léa Garcia (in
memoriam): quem recebeu o prêmio foi seu filho, emocionado, assim como
todos os presentes, diante do acontecido.

Na sexta, entre
olhares cansados e espaços esvaziados, o Recreio Gramadense, que acolhe os
jornalistas e demais credenciados, chegava ao penúltimo dia do evento com
sorrisos de seus organizadores e atendentes. As tão aguardadas estatuetas e
seus premiados seriam entregues no dia seguinte (o sábado), com grandes
expectativas.
Neste dia, foi a
vez do longa documentário “Luís Fernando Veríssimo”, de Luzimar Stricher, uma
linda homenagem ao reconhecido escritor, cronista, músico e roteirista. O
longa, com edição e montagem de excelência, emocionou o público, com muitas
risadas. A noite foi de reconhecimento de três mulheres: Laura Cardoso recebeu
o Oscarito, Alice Braga levou o Kikito de
Cristal, e Luci Barreto foi premiada com o Troféu Eduardo Abelin.
Uma noite que ficou para a história.
O Festival
movimenta a cidade, turística, econômica e culturalmente. Outras entidades
aproveitam o momento para também, nestas datas, realizar congressos, reuniões e
seminários diversos. O resultado é uma Gramado sem lugares para estacionar,
abarrotada de gente e com hotéis com valores de diárias absurdos, acima de 1
mil reais.
A organização,
dessa vez, teve deslizes graves. No que diz respeito ao trato com a imprensa,
especialmente, o assessor de imprensa responsável pelas parcerias com os
hotéis, que ficava no Palácio dos Festivais não soube distribuir bem os vouchers
e os poucos jornalistas presentes ficaram à mercê dos altos valores praticados
pela rede hoteleira. É de conhecimento que o ingresso dá direito à exibição dos
curtas e longas do dia, bem como das premiações, que acontecem em seguida; há
lugares delimitados para a imprensa, nas duas primeiras fileiras.
Lamentavelmente, o referido assessor não foi organizado o suficiente e, numa
atitude de extremo desrespeito, expulsava jornalistas das primeiras fileiras
que ficaram quase duas horas à espera para entrar no Palácio (aliás, é sabido
que filmes em exibição NÃO ATRASAM, pessoas amontoadas, mesmo idosos,
aguardando horas para adentrar, que feio!), para “dar lugar” a fotógrafos do
Festival, chegados “de última hora” sem colocá-los em lugares apropriados.
Sabe-se que fotógrafos não necessitam estar sentados, ao contrário de outros
colegas, mas permanecem em pé, podem apoiar seus materiais em tripés no chão
etc. Enfim, uma lástima, especialmente pela grosseria, o que só faz denegrir e
desestimular a beleza e a leveza necessárias ao Festival. Nunca nos esquecendo
que CINEMA É ARTE!!!!!...embora alguns busquem negá-lo!
GUILHERME REOLON
DE OLIVEIRA
MTb 15.241
VERA MARTA
REOLON
MTb 16.069
Fotos e vídeo by@GuiReOli