Governar para todos

Governar para todos

Guilherme Reolon de Oliveira

Crítico cultural, jornalista, filósofo e sociólogo

                Embora tenham sido três as denúncias às quais o agora ex-prefeito Daniel Guerra foi considerado culpado, a falta de diálogo com os diferentes setores da comunidade caxiense foi decisiva para a cassação de seu mandato.  Isso reflete em políticas autocráticas, senão monárquicas absolutistas, tendo em vista apenas interesses particulares ou de seus congêneres. Não se pode governar apenas para os seus, configura ação antiética, quando não imoral.

                Agora é hora de governar para todos. Ouvir, planejar junto com os diferentes grupos, no mínimo preparar as fundações para o novo governo que virá. Caxias está “às traças”. É preciso retomar o que foi construído no que se refere ao turismo, dando envergadura aos roteiros que existem, mas que não foram articulados com os neles envolvidos e com agências. O enoturismo precisa ser definitivamente alavancado como força motriz alternativa à metalurgia. Há muito potencial nesse campo. As alterações de mobilidade urbana precisam ser repensadas, utilizando-se mais do bom-senso e de estudos mais aprofundados. A assistência social merece amplitude e não ficar concentrada ao monopólio de um grupo.

                Na cultura foram muitos os retrocessos. Retomar ao patamar antes alcançado é o mínimo. Mas não só. São necessárias ações urgentes em relação à visibilidade do Acervo Municipal de Artes Plásticas e do Instituto Bruno Segalla, concedendo espaços adequados a estes, também com exposições permanentes, inclusive como instrumentos de turismo.  Pensar na criação de um museu municipal dedicado às artes é necessário, talvez numa parceria com o setor privado, como o Recreio da Juventude – e a sede social do incorporado Guarany. Iluminar noturnamente o monumento Jesus Terceiro Milênio é gesto simples, mas com consequências. Eventos como Caxias em Movimento, Caxias em Cena, ainda que resistentes, também merecem mais atenção, ampliando seus espectros. Cia Municipal de Dança, Coro Municipal e Orquestra Municipal de Sopros também precisam de mais investimento, possibilitando mais apresentações, com criação de diferentes repertórios durante o ano.

                Obviamente, retomar o funcionamento das bancas de revistas. Repensar a Festa da Uva. Urgente também é a retomada da vinculação do Financiarte com a receita municipal. Afinal, ele é o principal instrumento de financiamento de artistas locais, sem o qual a arte fica praticamente inviabilizada. E a Maesa? Simplesmente acelerar sua ocupação conforme planos já discutidos. Sonhos para 2020 que, com um mínimo de esforço conjunto, podem ser alcançados. Basta o novo governo, ainda que provisório, querer!.