Guilherme Reolon de Oliveira
Doutorando em Ética (PUC-RS), com
pesquisa sobre o Corporate Philosopher e Felicidade nas organizações
“Quando foi que você fez algo
pela primeira vez?”. Esta a provocação que o astronauta Marcos Pontes fez em
sua palestra na RA CIC, no último dia 29. “Fazer algo pela primeira vez” é
quase sinônimo de novidade, surpresa, espanto, satisfação, até mesmo alegria,
mas com certeza inovação. Ao apresentar o palestrante, o atual presidente da
CIC, Celestino Loro, destacou que a Serra Gaúcha, especialmente Caxias do Sul,
foi inovadora desde sua origem, com projetos disruptivos, a partir da sinergia
de agentes propulsores da inovação. Acrescentaria eu que talvez a ânsia pelo
novo, pelo moderno, é o nosso DNA, para o bem (constante mudança e
transformação) e para o mal (destruição do antigo e do histórico), como se
precisássemos, sempre, mostrar que “demos certo” ao “fazer a América”. Não
cessamos de fazê-lo, na iniciativa privada e no setor público. Talvez O
Quatrilho, a clássica obra literária de José Clemente Pozenato, adaptada para o
cinema, seja icônica neste sentido: o desejo, o amor (de Teresa e Mássimo),
disruptivos, são causas também de disrupção, da inovação e do progresso
econômico (de Pierina e Ângelo).
Tudo começa com um sonho, um
desejo, uma vontade, um impulso. E “é possível transformar sonhos em
realidade”. Este foi o tema da já referida explanação de Pontes, o primeiro
astronauta do hemisfério sul a ir para a Estação Espacial Internacional com a
bandeira de seu país. Porque, como bem demonstrou o cientista, impossível é uma
opinião. Mas uma opinião é forte, palavras tem poder, acreditamos, confiamos e,
por vezes, por receio, inércia ou conforto, naturalizamos (“é assim mesmo”) uma
situação, um status quo. Mas para que
sonhos se transformem em realidade é necessário ousar, com metas claras e um
bom planejamento e os talentos inerentes ao projeto. Ousar em muitos sentidos:
ousar ver (além das dificuldades), ousar criar oportunidades (porque elas são
fruto de ideias, de conhecimento, de pesquisa), ousar decidir (para que tudo
seja passível de sair do papel), ousar ser o primeiro (o start, o originário), ousar confiar (porque nada se faz sozinho).
Ousar é o segundo passo, depois de sonhar. Mas não basta. Aquele que ousa necessita confiar, mas a via é de mão dupla. Lembro de numa certa campanha eleitoral à Presidência da República, a então candidata Marina Silva, questionada se não estava sendo “sonhadora”, respondeu ser “sonhática” (sonhadora, mas também pragmática). Para que a inovação aconteça efetivamente é necessário que se aposte na ousadia e no sonho do outro: ouvir, conversar, abrir espaços, dar voz, oportunizar, ancorar. Concordo com Celestino Loro, Caxias é (sempre foi!) um pólo de inovação, mas muitos talentos (que ousam!) precisam de aberturas. Basta o empresariado, como “agente propulsor de inovação”, confiar e apostar!
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