Guilherme Reolon de Oliveira
Crítico cultural,
jornalista, filósofo e sociólogo, Doutorando em Ética e Filosofia Política
(PUC-RS)
A edição de setembro de 2004 da
Revista Exame destacava que as empresas estavam admitindo filósofos, como
diferencial diante de uma realidade de muitos profissionais com MBA (Master Business Administration). Por
aqui, as empresas ainda não aderiram à proposta, quando muito recorrendo a
palestras pontuais de profissionais da área. Diversificação de perspectivas é a
grande chave para situações de crise e para mudanças culturais necessárias ao
ambiente corporativo, quando este deseja estabelecer novos protocolos e
diretrizes internas(ética nas práticas, governança corporativa, etc..).
Não há dúvidas que o setor de Compliance é fundamental, especialmente
quando a transparência é um dos valores mais importantes na contemporaneidade.
Assim, este setor, aliado ao de comunicação, talvez seja o que mais requeira o
filósofo na empresa. Isso porque atua na intersecção dos Riscos de Imagem e dos
Riscos Legais. O filósofo apresenta qualificações e formação adequada às
diferentes situações, especialmente no que tange à diversidade de correntes
teóricas da ética, logo também na sua prática.
Cada vez mais questões como diversidade
nas organizações e igualdade de condições se mostram essenciais. O setor de Compliance, ou seja, de “Conformidade”,
precisa estar alinhado não apenas às normativas internacionais – inclusive no
que tange à sustentabilidade econômica, social e ambiental – mas às demandas do
contexto histórico atual. À semelhança do Escritório de Ética e da Ouvidoria, o
Compliance deve ser um canal de
denúncias, reclamações e sugestões.
Etimologicamente, o termo inglês Compliance se origina do francês antigo cumplir (cumprir) e do latim complere (realizar), ambos significando
“concordância com o solicitado”. A “conformidade”, neste sentido, concerne aos
mecanismos anticorrupção (de qualquer natureza), às relações comerciais e
internas, aderência às instruções ISO e congêneres, mas fundamentalmente no que
se refere às relações entre funcionários, colaboradores e equipe diretiva,
neutralizando o poder como Gewalt (violência),
alicerçando-o como liderança. Dessa forma, quaisquer mecanismos de abuso devem
ser combatidos, como prática intersetorial.
O filósofo, amparado em
diferentes métodos e conceitos, se insere como fundamental no Compliance, já que este concerne ao
conjunto de regras, padrões e procedimentos, éticos e legais, que orientam o
comportamento da instituição. Em outras palavras, o filósofo atuará como farol
num setor responsável pela cultura organizacional.
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