Quatro exposições mobilizam o
MARGS.
Talvez a, não mais importante
porque tem melhores obras e/ou projeta mais a arte, mas porque se propõe a
ser/abordar a arte contemporânea e seu início (?).
A Fonte: 100 anos de Arte
Contemporânea pensa determinar o marco de fundação da arte contemporânea com a
apresentação d’A Fonte, de Duchamp.
Melhor contextualizar: em 1917
Duchamp apresenta um trabalho seu (cubista- segundo minha opinião) para ser
exposto no Museu. O quadro é negado. Na comissão julgadora está seu irmão. Sua
família tinha grande envolvimento com a arte. Duchamp então obtém um urinol, em
loja de departamentos especializados no objeto, e sob o pseudônimo R.Mutt,
nomeia como A Fonte e apresenta na 1ª Exposição de Artistas Independentes. A
crítica especializada entra em alvoroço, como era de se esperar. Ele questiona
a arte, o que pode ou não ser nomeado
arte, qual a importância de obras que devem estar em museus, etc...
Muitos urinóis/Fontes depois, em 1960,
após um “boom” inicial na Inglaterra,
a Arte POP, Andy Warhol e sua POP ART, retomam os questionamentos e imprimem
novos conceitos e olhares à arte.
Para mim aqui, verdadeiramente, a
arte contemporânea inicia, reciclando a pergunta “duchampiana”. Os trabalhos do
acervo do MARGS, atestam isso.
A segunda mostra, A Inquietude do
Olhar, de V. Reichert, é um mergulho nas cores e formas do fundo dos mares.
Uma Possível História da Arte do
Rio Grande do Sul, nos envolve em trabalho de artistas que fizeram a história
deste estado na arte. Belas obras e escritos a reivindicar um olhar apurado à estética tão esquecida por
aqui.
Quanto à exposição METAMORPHOSIS de
G.Johnson, creio que deva tentar se reportar a obra de Kafka. E aí o perigo,
conforme nos atesta um texto inédito de
Heidegger.
Primeiro, Metamorfose de Kafka
aborda uma transformação completa de um ser humano em um animal. Não há mais
humano, há animal. Aí chegamos ao grande equívoco da atualidade, quando
confundem híbrido com mistura. Se híbrido,
não há mais um e dois, há o três resultante, com novas características -
mistura é um e dois misturados, nem um, nem dois, nem nada novo. Exemplo: água e azeite não se misturam....são imiscíveis....cada um permanece com suas propriedades (deu prá entender????).
“[..]
da cultura grega, estabeleço o conceito de hybris – o que ligo à mistura.
Jaeger indica que a hybris grega estava
associada ao ultraje e à desmedida – fundamento das perversões – quando os
homens, visando o além-limite, não pensavam humanamente. Inscrita nos terrenos
do direito e do religioso a hybris seria a maior ofensa a physys, a natureza :
aspirar à elevação exclusiva das divindades. [..] deixar-se seduzir pela hybris
rapidamente se transforma na mais profunda dor e corrosão. [..] isto posto é
por tal definição que renego a hybris, defendo a híbrida – que correlaciono ao
híbrido, também ligada a conexão de saberes, de culturas, a miscigenação
(oposto à eugenia). Neste sentido, a híbrida inscreve-se na estrutura
neurótica, que aceita a diferença e não busca aniquilá-la.”. OLIVEIRA,
Guilherme Reolon de, in ARTE PÓS NON-SENSE – (texto inédito no prelo).
As obras de G. Johnson são isso:
misturas de materiais, mas metamorfose, híbrido não.
Arte – o que é ARTE? - que é ESTÈTICA?
Fico com os gregos (sempre!!!!!!):
ESTÉTICA sem ÉTICA não é ESTÉTICA. ARTE deve abarcar ÉTICA.
Godard, citando Lênin, diz que a “ética
é a estética do futuro”. Se é “fake news”
ou não, pouco se me dá. O que importa é que é absolutamente atual!!!!!
VERA MARTA REOLON
MTb 16.069
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