Então.......fomos
ver uma peça do Palco Giratório “Diga que você está de acordo! MáquinaFatzer” –
do Teatro Máquina de Fortaleza – CE.
A peça se baseia
em fragmentos achados de Brecht, desconhecidos do grande público, inicialmente não traduzidos e, após
encontrá-los, traduzem o texto na USP e uma aluna de Pós Graduação resolve
trabalhar um fragmento do “fragmento-texto original” em apresentação teatral
com o grupo Teatro Máquina.
O fragmento:
Uma mulher e
inicialmente três homens (um vestido de mulher) cheios de hematomas e
bandagens, aparentam ter estado na guerra, vivem em um ambiente,em princípio,
com certo equilíbrio.
Chega um quarto homem e inicia-se certo
conflito, inicialmente para entrar na casa, depois para apossar-se do ambiente
e da mulher.
O que se veste
de mulher questiona a entrada do outro mostrando sua saia – “falta mulher para
ti aqui dentro!” (sic) – ((sic) porque se precisa deduzir o que é dito, a
linguagem é incompreensível). As palavras não são compreensíveis. Nada do que é
verbalizado tem linguagem construída e constituída. A única coisa compreensível
, lingüisticamente, é a frase da mulher, em desespero, dizendo “esta casa é
minha” (sic).
A platéia então
fica sabendo que a casa é dela, que estão ainda sob fogo da guerra e que os
homens são atendidos por ela em seus ferimentos e alimentos (poucos!).
Quando o último
introduzido na casa ataca a mulher, ela então ataca um, é atacada pelo que
estava com saia, que então aparece sem saia, isto tudo enquanto o quartto
(marido dela- segundo o grupo) come um fruto achado no chão, embaixo do
assoalho.
O cenário - casa é destruído. O homem que foi “atacado” pela
mulher aparenta ter morrido (tuberculose?). A mulher o prepara para enterro?!,
enquanto os outros estão em uma aparente catarse.
Escurece o
teatro. Silêncio!
Alguns, depois
de segundos, aplaudem.
Acende-se as
luzes e os atores se apresentam para “agradecer”.
Interessante
notar que, nos últimos tempos todos têm aplaudido em pé, os diferentes
espetáculos. Neste não aconteceu. E nota mais grave ainda – foi um dos melhores
espetáculos de muito tempo.
Discussão sobre
a peça:
Os poucos da
platéia que ficam para a discussão ouvem que a peça é resultado dos estudos de
doutorado da “diretora” que, para tornar peça, trabalha “alunos”, o texto com
diretor argentino e traz a peça ao público do Palco Giratório.
O que é
apresentado sabe-se que é o fragmento do fragmento encontrado de Brecht. Que a
peça é um despedaçamento, inclusive lingüístico, com o fim de “chocar” o
público.
As grandes
questões não são discutidas nem nas perguntas do interlocutor, nem pela parca
platéia que permanece. Falam de atitudes “animalescas” dos personagens. Mas quê
animal ataca sua espécie se não for apenas para saciar sua fome?
Só o “humano”.
O quê é
Humano???
A tradição
cristã da qual nossa cultura ocidental descende nos ensinou que ser humano é
ser BOM, bondoso, compreensivo.....
Mas isso não é o
homo sapiens - os
assim denominados não são bons, são predadores em tudo, nos negócios dos
outros, na administração de seus subordinados, na administração de verbas e
negócios públicos, que deveriam defender com responsabilidade (cobrada –
inclusive por magistrados públicos – pagos com dinheiro do POVO!), na condução
das famílias que decidem- escolhem ter (inclusive os animais que adotam e
deveriam proteger e não usurpar suas vidas!), nas crianças que geram e não
deveriam abusar, sexual, financeira, educativa e moralmente.
Os animais??????
Animais não
fazem isso, não roubam o semelhante, não matam, não estupram, não invadem, não
torturam.
Só o “homem” o
faz!
O que é Humano?
O que é
animalesco?
Alguém deveria
“ensinar”, inclusive à “diretora” e ao “diretor” argentino.
Claro que a
“diretora” irá dizer “atingimos o objetivo que nos propomos, sob o prisma
acadêmico do teatro” (sic) para
“parecer” inteligente mas, se assim o fosse não o seria!
Como dizia um
amigo antigo meu do teatro: teatro/atuação de verdade não se aprende na
academia!
O que fica é o
que Deleuze chamou de non-sense – não
o sem sentido algum que alguns desavisados traduzem – mas o pleno de sentido –
o sentido em sua potência máxima!!!
VERA MARTA
REOLON
MTb 16.069
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