O universo da gastronomia é muito diverso: cada alimento, cada prato, apresenta uma amplitude de conhecimentos. Não poderia ser diferente com os azeites. Mas, ao contrário do que se pensa, o azeite é tão diverso, quanto enriquecedor. Tivemos a honra e a alegria de ter duas aulas com a somellier de azeites, professora Maria Beatriz Dal Pont: uma téorica e outra prática, embora Maria Beatriz faça às vezes dos dois com expertise e maestria que só ela sabe ter.
Ao lado da uva e do trigo, o azeite figura na história da humanidade como sagrado, religioso, mas também como fundamento da civilização ocidental, cristã. Surgido na Pérsia, se espalhou pelo Mediterrâneo, especialmente pelos excelentes terroirs espanhóis, e adquiriu o status de medida de riqueza pelo Império Romano que classificou os azeites por tipo e destinação. Na Grécia, estava presente nos banquetes e no esporte, com atributos transcendentais.
A oliveira, que dá origem às azeitonas, passa a ser símbolo de paz, da abundância.
Em momento
posterior, Espanha, Portugal e Itália passam a ter protagonismo: Espanha na
produção de azeites; Portugal, na comercialização; Itália, com os
maquinários.
No Brasil, a Família Imperial determina a plantação de oliveiras no Rio Grande do Sul, para delimitação de terras, o que não se sustenta ao longo do tempo. Atualmente, o estado tem 300 produtores de azeitonas, em 108 municípios. São quase 70 empresas. Na região da Campanha, promoveu o resgate econômico, juntamente com as nogueiras. O grande destaque, no entanto, é a Serra do Sudeste do RS.
Pudemos, através da excelente didática da sommelier Maria Beatriz Dal Pont, conferir as diferenças sensoriais – olfato, paladar e coloração - de quatro azeites: o Gaita (produzido em Bom Jesus), o Pequenas Partidas (Chileno, produzido pela Aurora), o Capolivo (de Canguçu, da variedade koroneiki, azeitona grega caracterizada pelo amargor), e o Batalha (de Pinheiro Machado, muito singular).
Para um azeite ser considerado bom é primordial o que Dal Pont coloca como “zero defeitos”: ser frutado ou herbáceo, ser amargo, ser picante e ter, do ponto de vista químico, acidez baixa (0,8% de ácido oleico a cada 100g de azeite). Um desafio e tanto!
Nos saboreamos com o conhecimento e a delicadeza da anfitriã curtindo o gostoso espaço do Restaurante Amada Cozinha, da filha de Maria, Caroline, que nos recebeu com delicadeza singular.
A maravilhosa professora sommelier cuidou de todos os detalhes para podermos aprender e saborear os diferentes "toques" de sabor das oliveiras, como só uma expert sabe fazê-lo com maestria e didática ímpares!!!
GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
MTb 15.241
VERA MARTA REOLON
MTb 16.069
FotosbyGuiReOli e seleção da anfitriã.