A Endança, mais uma vez, marca presença na cena artística, com
o espetáculo “Mistério: o roubo no museu”, apresentado nos dias 16 e 17 de dezembro,
no UCS Teatro. O que era pra ser a mostra de trabalhos anuais de uma escola de dança, se transformou em um espetáculo muito bem executado: marcado pelo
profissionalismo e pelo argumento que costurou
todas as coreografias, uma constância da Endança. Como já
dissemos em outras críticas: a Endança se mostrou uma Companhia, no real sentido do termo - orgulho para a cidade - que nada perde para companhias de capitais.
Sobre o argumento, "Mistério: o roubo no museu”, destacamos que foi bem construído, de modo
encadeado, integrando um elenco de mais
de 150 bailarinos, de todas as idades e tipos corporais. A narrativa contribuiu
para a ligação de quase trinta coreografias diferentes: a companhia explorou, por meio do figurino a
caracterização contextual (em alguns momentos, não explícito, mas ok). Figurinos
bem elaborados, assim como a iluminação, que contribuiu para a elaboração de
Sentido e Presença. A história da arte
foi o fio condutor e uma dramaticidade (onde a direção da escola teve um
protagonismo interessante e certeiro) para dar fundamento à narrativa.
O espetáculo fora um pouco cansativo, mais de duas horas, mas,
devido ao objetivo, não haveria muito o que fazer a esse respeito. Em outros
anos, a apresentação ficou um pouco mais coesa, não fragmentada, ou compartimentada, em turmas. No
espetáculo de 2024, se percebeu certa
divisão, mas não tanto como comumente se observa, em que pequenos se apresentam
e vão embora, depois adolescentes, depois adultos.
Em anos anteriores, ressaltamos o mesmo em relação à partir de movimentos: embora
bem executados, com sincronia grupal e sem erros evidentes,
ressalta-se que a Presença se constituiu em determinados bailarinos que,
percebe-se, gostavam muito de ali estar, outros, no entanto, embora executando
com precisão as coreografias, o faziam mais mecanicamente, sem assinatura.
Claro, sempre há isso.
Cabe também uma crítica quanto à variedade de
movimentos, que poderiam ter sido mais explorados. Sabe-se que a Endança é uma companhia de jazz e danças urbanas, mas
outros movimentos poderiam ter sido incorporados, de modo a não reprisar tanto
alguns deles – quem sabe usando espaços alternativos, horizontalizando mais. Destaque para a excelência do grupo de bailarinos
adultos, cuja entrega na execução é mais evidente.
O espetáculo,
cujo final foi apoteótico, com todos congregando movimentos em alegria e êxtase, merece ser apresentado em outros espaços, talvez com
duração menor. Mais divulgação e um bom trabalho de assessoria de imprensa e marketing poderiam ser explorados, para viabilizar o espetáculo a
outros públicos, além dos amigos e familiares dos bailarinos.
VERA MARTA REOLON
MTb 16.069
GUILHERME REOLON DE OLIVEIRA
MTb 15.241